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    Pandemia ameaça baralhar as eleições na Alemanha

    A subida do número de infeções, a lentidão na vacinação e os avanços e recuos nas medidas de confinamento estão a provocar um enorme desgaste político à CDU de Angela Merkel, que teria apenas 28% dos votos se houvesse eleições neste momento, segundo a mais recente sondagem. Os Verdes estão a crescer e seriam o segundo partido da Alemanha, com 23%.

    Quando faltam apenas seis meses para escolher o sucessor de Angela Merkel, as notícias são más para a União – como é conhecida na Alemanha a parceria entre a União Democrata Cristã (CDU) e a União Social Cristã (CSU) da Baviera. Segundo o barómetro de março da ZDF (estação pública de televisão), ficaria pelos 28%, uma queda de sete pontos percentuais relativamente ao período pré-pandemia, e de cinco pontos face aos resultados das eleições de 2017.

    Em setembro, a CDU já não poderá contar com a mulher que governa a Alemanha há 15 anos consecutivos. Mas é cada vez mais evidente que o atual presidente do partido, Armin Laschet (também ministro-presidente do estado da Renânia do Norte-Vestefália), não convence como candidato a chanceler: é o pior cotado entre os líderes dos principais partidos. Dois terços dos alemães entendem que não tem as qualidades necessárias para exercer o cargo, incluindo a maioria dos apoiantes da CDU (apenas 28% gostariam de o ver a liderar o Governo alemão).

    BLOCO CENTRAL INSUFICIENTE

    As más notícias para o principal partido alemão não terminam por aqui. Depois de sucessivos governos em coligação com os sociais-democratas, até a repetição dessa espécie de bloco central (os alemães preferem o acrónimo GroKo, que significa grande coligação) seria nesta altura insuficiente. Isto porque o SPD é igualmente castigado pela sua presença no Governo e teria apenas 15% (menos cinco pontos do que o conseguido nas últimas eleições federais).

    O único pacto capaz de somar uma maioria sólida no Bundestag (Parlamento), de acordo com as previsões atuais, seria uma solução nunca antes experimentada, que juntasse os partidos da União, de centro-direita, e os Verdes, o único partido de oposição que está em franco crescimento, uma vez que os atuais 23% corresponderiam a mais 13 pontos do que em 2017.

    ALIANÇA DE ESQUERDA IMPROVÁVEL

    As restantes forças que conseguiriam superar a barreira dos 5% (patamar mínimo para ter direito a eleger deputados no Parlamento alemão) são a extrema-direita da Alternativa para a Alemanha (AfD), que aparece com uns estáveis 12% (menos um ponto que há quatro anos), os liberais do FDP, com 9% (menos dois) e o partido dos esquerdistas do Die Linke, com 7% (também menos dois pontos).

    Resultados que também deixam pouca margem para uma outra coligação inédita, tão discutida quanto contestada, que juntasse o trio de partidos mais à esquerda (ecologistas, sociais-democratas e esquerdistas), e para a qual os alemães até já escolheram um nome, que soa a composto químico: R2G, ou seja, Rot (vermelho) duas vezes e Grün (verde) uma vez.

    ESCÂNDALO DAS MÁSCARAS ATINGE DIREITA

    Há várias explicações para a perda de popularidade da União (e por arrasto, para o sócio social-democrata), todas relacionadas com a pandemia. Uma, que o barómetro da ZDF não mede, mas a Imprensa alemã valoriza, é uma polémica com a aquisição de máscaras, em que dois parlamentares (um da CDU, outro da CSU) são apontados como suspeitos de receberem pagamentos pela intermediação de negócios entre fabricantes e o Governo federal.

    O escândalo rebentou, aliás, nas vésperas das eleições estaduais de Baden-Wuerttemberg e da Renânia-Palatinado, que confirmaram a vitória, respetivamente, dos Verdes (31,5%) e do SPD (33,5%), com quebras de quatro a seis pontos percentuais para o partido de Angela Merkel.

    DESCONTENTES COM GESTÃO DA CRISE

    Outra explicação é a subida do número de infeções por covid-19 e os avanços e recuos do Governo alemão na aplicação de medidas de confinamento. Situações que causam descontentamentos que o barómetro da ZDF detetou este mês.

    Se, em fevereiro, uma maioria de alemães ainda estava satisfeita com a gestão da crise dos governos federal e estaduais, agora são 56% a dar nota negativa a Berlim e 51% aos governos regionais.

    VACINAÇÃO A CORRER MAL, DIZEM 92%

    Por outro lado, são agora apenas 31% os alemães que consideram adequadas as decisões para combater a pandemia; 26% acham que as medidas mais recentes são exageradas; enquanto 36% preferiam que fossem implementadas restrições mais duras.

    Mas o pior é mesmo quando as perguntas se dirigem à campanha de vacinação. Em janeiro deste ano, 58% dos alemães consideravam que o processo estava a correr mal; em fevereiro já eram 72%; e agora são uns esmagadores 92%. Ao ponto de mais de dois terços dos cidadãos já não acreditaram que seja possível cumprir as metas que foram apontadas pela União Europeia, e também pelo seu Governo, de vacinar a grande maioria da população até ao final do verão.

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    FonteJN

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