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    Palavra de Honra: O MPLA com medo do MPLA…

    Desde logo porque passou a ser também a posição assumida por um número cada vez mais crescente de intelectuais que se recusam a ser “instrumentos orgânicos” dos partidos.

    Desde logo porque esta posição é agora igualmente partilhada por uma significativa franja da classe média desde que, após a Independência, o barco de Viriato da Cruz, Mário Pinto de Andrade, Azancôt de Meneses, Eduardo Macedo dos Santos, Lúcio Lara e outros, começou a fazer uma navegação à vista…

    Logo, seria ilusório pensar que a alteração da natureza originária do MPLA, começou agora com o desvario que, neste momento, está a dar lugar à instalação de uma perturbadora sucessão de disparates políticos.

    A diferença é que, até 1977, não havia lideranças incontestáveis porque havia uma nata de políticos que, ousando sempre pensar pela própria cabeça, jamais abdicou da defesa das suas ideais.

    A perda de identidade política do MPLA, depois de ter sido decretada com o encerramento das suas portas aos religiosos e com a absorção da catequese cubana, foi acelerada com a importação das “tissagens” ideológicas da antiga RDA e de outros países do leste europeu.

    E com o alastramento em todas as fileiras do MPLA de uma “grave pandemia” política: a morte do debate democrático interno, a castração da liberdade de circulação de correntes de opinião divergentes e a imposição do pensamento único.

    Logo a seguir, a sua elite, impreparada e revestida de “cabelo postiço”, começou, aos poucos, a sentir-se embriagada pelas “delícias” da chegada da chamada “acumulação primitiva do capital”…

    Agora, a tudo isso, começa a juntar-se uma perigosa ameaça à preservação da sua identidade histórica ao mesmo tempo que se assiste a uma reviravolta extremista nas suas convicções. É o MPLA que sai do oito para abraçar o oitenta…

    Não admira que, de terço na mão, a deriva capitalista esteja agora a levar os seus antigos apóstolos do marxismo a cair, de candeias às avessas, na
    tentação de quererem transformar organismos públicos e instituições para-militares como a Polícia de Segurança Pública, em santuários dos dogmas da Igreja Católica, como se Angola não fosse um Estado laico…

    Volvido quase meio século de Independência, é assustador concluir que as nossas elites, afinal, ainda não perceberam que, ao terem imposto
    metamorfoses políticas artificiais e sem terem o debate como fermento da democracia, estão condenadas ao fracasso.

    Volvido quase meio século de várias tentativas de emancipação, é preocupante ver que a fuga ao debate, se está a institucionalizar no MPLA como a
    principal variável da sua cultura política.

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