Um painel norte-americano recomenda o fim do teste de rotina PSA, para o diagnóstico do cancro da próstata. Depois de analisarem dois grandes estudos sobre a influência positiva deste teste, os especialistas concluíram que os benefícios não ultrapassam as consequências negativas.
A partir dos 50 anos, todos os homens devem estar atentos ao cancro da próstata, que é cada vez mais comum à medida que se envelhece. Três quartos dos homens com mais de 85 anos têm este tumor, mas poucos morrem devido à doença.
O teste do PSA, a sigla inglesa para antigénio específico da próstata, detecta as quantidades de uma proteína, que, acima de um certo nível, pode indicar um tumor neste órgão sexual masculino. No entanto, em muitos casos, depois de o PSA dar sinais de alarme, e depois de se realizar uma biópsia à próstata, não se encontra nenhum tumor.
Por outro lado, há uma percentagem alta de cancros cuja progressão é muito lenta e que não vão provocar a morte aos indivíduos. Nem o PSA, nem a biópsia conseguem identificar se é este o tipo de cancro de um paciente, ou se é um tumor mais agressivo.
Em contrapartida, tanto a biópsia como o tratamento ao cancro – radioterapia ou operação – podem provocar consequências na saúde dos indivíduos, desde incontinência, sangramento, dores ou impotência.
A médica Gabriela Sousa, vice-presidente da Sociedade Portuguesa de Oncologia, refere que a Direcção Geral da Saúde já recomendou o fim do PSA como teste de rotina em Portugal.
O United States Preventive Services Task Force, um painel independente que avalia questões de saúde, analisou um estudo norte-americano que comparou 76.685 homens com idades entre os 55 e os 74 anos: metade fez anualmente o teste do PSA e a outra metade teve outros cuidados, que incluíram, de vez em quando, este teste. O estudo não encontrou provas de que, ao fim de 13 anos, o PSA tenha salvado vidas.
O outro estudo também analisado pelo painel foi uma investigação europeia em sete países. Ao todo, 162.243 homens, com idades entre os 56 e os 69 anos, fizeram parte do estudo. Metade fazia testes regulares utilizando o PSA, a outra metade não. Apesar de os resultados em dois países serem favoráveis ao teste, o painel concluiu que, ao fim de dez anos, o PSA apenas evitou a morte de um em cada mil homens, comparado com o grupo que não fez este exame.
Segundo o painel, 15% dos homens que recebem diagnósticos positivos do PSA vão fazer uma biópsia, que a um terço deles provocará dores, febre, sangramento ou dificuldades em urinar. A biópsia identificará células cancerosas em 120 em cada 1000 homens. Cerca de 90% optam pela cirurgia, radiação ou uma terapia hormonal que impede a progresso do cancro.
Em cada 1000 homens que fizeram radiação ou cirurgia, 200 a 300 irão sofrer de incontinência, impotência ou ambas. Por outro lado, 400 em cada 1000 homens que passam por uma terapia hormonal vão ter problemas de erecção.
É este balanço que faz com que o painel recomende o fim do teste de rotina, embora diga, que cada homem está livre de tomar uma decisão, depois de estar informado dos riscos.
No entanto, muitos médicos consideram que os dois estudos têm problemas metodológicos e temem que o fim deste teste de rotina faça com que os diagnósticos de cancro de próstata se tornem mais tardios e que haja mais mortes. Nos Estados Unidos, um em cada seis homens são diagnosticados com esta doença e 2,8 por cento acabam por morrer devido ao cancro, o que equivale a 28.000 pessoas por ano.
Fonte: OPUBLICO
