Directora confirmou ao i demissão por considerar que situação é insustentável para médicos e doentes
A Ordem dos Médicos solicitou ao Hospital Amadora-Sintra mais informações sobre a situação nas urgências e uma visita ao serviço para verificar as condições técnicas para o exercício da medicina de acordo com as boas práticas. A intervenção da OM foi solicitada pela direcção demissionária do serviço de urgência na sexta-feira e o bastonário adiantou ao i que o pedido da Ordem foi endereçado ontem ao director clínico do hospital no sentido de visitar a unidade ainda este mês.
Questionado sobre o facto de um pedido semelhante ter sido negado em Dezembro para o Hospital Dona Estefânia, o bastonário adiantou que a interpretação dos estatutos da OM na altura apresentada pelo governo, que apoiou a proibição da visita, já foi contestada junto da Inspecção Geral das Actividades em Saúde, diligência de que aguarda resposta. Para José Manuel Silva, os estatutos conferem direito a visitas técnicas aos serviços por iniciativa da OM ou denúncia dos profissionais, mostrando-se confiante no diálogo.
A directora da urgência do Hospital Amadora-Sintra confirmou ontem ao i que se encontra demissionária, algo negado pelo hospital, e manifestou o desejo de que a visita tenha lugar. Francisca Frade sublinhou que enquanto se mantiver em funções, por lei até 60 dias após o pedido de demissão, continuará a procurar soluções em diálogo com a administração para a sobrelotação crónica do serviço. A médica explicou que a abertura de uma nova ala de internamento para doentes da urgência este ano não resolveu a sobrecarga, adiantando que permanecem 80 doentes internados na urgência, a maioria em macas nos quais chegam a ficar mais de uma semana. Para a médica, as dificuldades só estarão ultrapassadas quando a equipa for adequada à actividade no hospital. “Não posso continuar enquanto persiste uma situação insustentável quer para os médicos que estão esgotados e não devem ser responsabilizados nestas condições quer para a segurança e atendimento de qualidade dos doentes.”
A médica refere que desde 2012 foram fundamentados vários pedidos de admissão de médicos à administração que não tiveram resposta, lembrando contudo que as restrições a contratações no SNS são transversais a outros serviços e dependem de autorização da tutela. Mas garante que não é por falta de médicos para trabalhar na instituição que as boas práticas não estão a ser cumpridas no Amadora-Sintra e só há 17 médicos vinculados à urgencia quando deveriam ser 26. “Todas as semanas recebo currículos mas só pudemos abrir vagas para dois internistas recém-formados.” (ionline.pt)
Por Marta F. Reis