Os Estados Unidos da América (EUA) começaram a enviar uma centena de soldados para o Centro de África, para aconselhar os responsáveis militares locais a capturar Joseph Kony, chefe do Exército de Resistência do Senhor (LRA), que há duas décadas semeia o terror em vários países da região.
Numa carta dirigida ao Congresso (Parlamento dos EUA), o presidente Barack Obama anunciou na sexta-feira ter “autorizado um pequeno número de soldados americanos para irem para a África Central ajudar as forças da região que trabalham para obrigar Joseph Kony a abandonar o campo de batalha”.
O LRA tem fama de ser uma das guerrilhas mais violentas do mundo e Joseph Kony é procurado pelo Tribunal Penal Internacional (TPI) por crimes de guerra e contra a humanidade.
O primeiro grupo de soldados norte-americanos chegou na quarta-feira ao Uganda e durante este mês outros viajam para a República Democrática do Congo (RDC), República Centro-Africana e Sudão do Sul, que autorizaram a presença dos militares. Trata-se da mobilização mais importante de tropas em África anunciada pelo governo de Washington desde o sangrento fiasco da intervenção na Somália, em 1993, durante o mandato de George Bush.
O governo norte-americano precisou que os soldados não irão combater directamente os rebeldes. “As nossas forças darão informação, conselhos e uma ajuda” aos parceiros, garantiu Barack Obama. O presidente dos EUA, que uma vez se referiu ao LRA como “uma afronta à dignidade humana”, adiantou que as tropas só se envolverão em combates em caso de auto-defesa. Os rebeldes operam no Norte do Uganda desde 1988, com os seus combatentes a espalharem-se pelos países vizinhos.
O LRA, que diz ser de inspiração religiosa, é acusado do massacre de civis, mutilações e raptos de crianças (de rapazes para combater e de raparigas para serem usadas como escravas sexuais).
Em 20 anos, os combates com a guerrilha fizeram várias dezenas de milhares de mortos e 1,8 milhões de deslocados. Os confrontos cessaram em 2006, quando foi lançado um processo de negociações, mas o diálogo falhou dois anos depois, quando Joseph Kony se recusou a assinar um acordo para acabar com as atrocidades.
O LRA continua activo e a dificultar os esforços da ONU para estabilizar a região. As autoridades ugandesas e congolesas afirmaram no início do ano que o líder terá entretanto regressado ao Leste da RDC. O contingente norte-americano, que pertence sobretudo às “forças especiais e comandos de elite utilizados nas operações anti-guerrilha”, irá para o terreno “nos sectores ameaçados pelo LRA”, afirmou um alto responsável da defesa. Um membro do governo adiantou que a missão é limitada e durará apenas alguns meses.
Fonte: Jornal de Angola
Fotografia: AFP