Pedro Vidal é o comandante do grupo carnavalesco 10 de Dezembro, do município da Maianga. Faz do desfile um espectáculo, guiando a dança dos foliões. Trouxe para a festa inovações técnicas e estéticas, na arte de dança com toques acrobáticos.
Nasceu em Malange, município de Cangandala, em Maio de 1962. Começou a dançar o Carnaval com 16 anos, altura em que fundou o grupo União 10 Dezembro. É pai de 24 filhos e tem 12 netos. Em Luanda viveu primeiro no bairro Catambor, depois fixou residência no Bairro Prenda. Vidal é conhecido no meio familiar e pelos amigos como “Man Vaida”.
O prémio de melhor comandante do Carnaval surgiu por sua iniciativa. Vidal conta que foi em 1990, no Centro Recreativo Kilamba, onde, pela primeira vez foi distinguido com o Prémio de Melhor Comandante, recebeu uma bicicleta, um ferro de engomar e um rádio de cassetes.
“Para além da dádiva que Deus me deu tenho trabalhado muito quando se avizinha mais uma edição do Carnaval, o que me leva a acreditar que este é o meu grande segredo”, disse Pedro Vidal.
Vidal tinha 16 anos quando fundou o grupo no dia 10 de Dezembro de 1978 na companhia de Domingos João Manuel, José Diogo Bartolomeu (falecido), Conceição João Manuel e Emília João Manuel.
Pedro Vidal confessou que naquela época havia um comandante de quem bebeu experiência, o responsável do União 54, Tio Nganhala: “ele tinha uma forma de apitar que me impressionava. Comecei por imitar a sua forma de apitar. Depois decidi inovar as danças e as coreografias, porque via que os comandantes dos outros grupos giravam muito durante os desfiles”.
A sua estreia como comandante aconteceu no Carnaval de 1983: “em 1991, os meus bailarinos seguiam atentamente o soar do meu apito e os meus sinais gestuais para serem bem sucedidos no desfile central”.
“Man Vaida” disse que é muito difícil comandar um grupo de mais de 300 bailarinos para entrar no esquema de dança. “É preciso evitar erros de coreografia no dia do desfile. Os primeiros dois meses são para os bailarinos aprenderem os passos de dança durante o ensaio e só depois é que começo a ensinar a coreografia que vou levar para a Marginal no dia do desfile”, afirmou.
O melhor comandante
O Comandante do grupo carnavalesco União 10 de Dezembro, Pedro Vidal, no Carnaval de Luanda tem 15 prémios conquistados por ser o melhor comandante.
“Quando comecei a dançar o Carnaval, as rainhas comandavam as coreografias e a exibição de todo os bailarinos. Pensei que tinha de alterar o quadro. Na minha óptica, quem manda num grupo é o comandante”, disse.
Vidal disse que nunca lhe passou pela cabeça um dia tornar-se um grande comandante. Porque tudo começou na brincadeira: “éramos chamados de grupo de cinco minutos. Nós nem sabíamos onde eram feitas as inscrições para participarmos no Carnaval”, declarou.
Vidal Responde
É difícil ser comandante de um grupo acostumado a vencer o Carnaval?
É muito difícil ser comandante de um grupo carnavalesco, principalmente nas agremiações de Luanda, onde a competição exige mais. Eu sou comandante do 10 Dezembro que se responsabiliza pelo grupo dentro e fora. Faço do desfile um espectáculo, orientando a dança dos foliões que integram o grupo.
Quanto tempo é que leva a montar uma coreografia?
Montar uma coreografia é a tarefa mais fácil quando estou a preparar o 10 de Dezembro para participar na maior manifestação popular de Luanda. É um dom que Deus me deu.
Quem compõe as canções do grupo?
Sou eu que componho 90 por cento das canções do grupo. Só não canto por não ter uma boa voz.
Aconteceu comigo
Nada ganhei
Em Maio de 2012 vou completar 50 anos. Dediquei toda a minha em prol do Carnaval e nada ganhei. Por isso em muitas ocasiões quis deixar de dançar o Carnaval. Penso que já é altura de olharem por mim. O Ministério da Cultura devia ter um departamento específico que tratasse de questões relacionadas com o Carnaval.
Fonte: Jornal de Angola
Fotografia: Jornal de Angola
