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    Nova forma de ganhar dinheiro em Luanda

    Nos bairros de Luanda nasce um novo negócio. À primeira vista parece ser estranho pelo modo como é processado, pois é sustentado pelos amontoados de lixo, fonte para muitos “caçadores de sucata”.
    A “caça” ao ferro e cobre chegou às ruas, becos e avenidas. Os negociantes vasculham o lixo, fazem fogueiras em dia de sol e andam longas distâncias de bairro em bairro à procura de pedaços de ferro e outros metais. Esta actividade, no calão chama-se “diolo”.
    Crianças e jovens vasculhavam os metais e depois atiravam-nos para uma fogueira. Todos procuravam ferro, alumínio, bronze e cobre “para pesar”.
    José Pedro Adão ou Kati, como é conhecido, contou que tinha conseguido 41 quilos de cobre retirado de bobinas, estabilizadores e cabos eléctricos, que encontrou no lixo. Essa quantidade valeu-lhe dez mil kwanzas. “Para mim é muito dinheiro porque tudo isso apanho no lixo e apanhar não custa nada”.
    Paulo Dala “Paulucho”, 11 anos, já tem experiência na “caça” aos metais no lixo. A procura nunca é cansativa, pois sempre vale a pena por render algum dinheiro.
    O quilo de cobre pode ser comprado pelos “pesadores” a 250 kwanzas e o de bronze 40 kwanzas, ao passo que podem comprar o quilo de alumínio a 30 kwanzas. O ferro é o que menos rende. O quilo custa apenas 15 kwanzas.
    Os adolescentes Kati e Paulucho nasceram e cresceram ao lado das valas de drenagem.

    As fogueiras são feitas para queimar a parte externa dos cabos eléctricos, geralmente de cobre, ao passo que o constante “ciscar” no lixo tem como fim encontrar pedaços de metais para pesar nas “lojas de sucata” do Dialó ou do Alex, dois senegaleses que são os principais “pesadores” do Cassequel
    O bairro Capolo também é fértil neste novo negócio de “diolo”, mas os compradores vão além dos metais. No Capolo pesam e compram também baterias danificadas.
    Os principais compradores exportam ou vendem os metais numa fábrica de Viana. Até agora, Alex e Dialó são os maiores e mais famosos “pesadores” do bairro.
    Quando atingem a quantidade pretendida exportam ou vendem os metais. “Eles estão a comprar essas coisas porque rende. Os meninos quando estão a vasculhar o lixo, fazem-no na esperança de encontrar mais um quilo de ferro, cobre ou alumínio”, disse Eva Adão, que vive no bairro há 16 anos.
    Só no bairro, existem duas pequenas casas cheias de ferrolhos e rolos de fios de cobre e peças de alumínio recolhidas no lixo. A recolha nas lixeiras é aberta a todos. Mas são os meninos de 12 ou 13 anos os fornecedores incansáveis e por isso são também os que mais se destacam neste novo negócio.

    A vla obstruída

    A vala de betão armado que parte da Senado da Câmara para o Cassequel do Buraco, distrito da Maianga, está desobstruída. Do Cassequel para diante está obstruída.
    As obras estão paradas, há largos anos. No espaço há dois grandes contentores repletos de lixo, mas nem por isso a vala e as redondezas estão limpas. Na vala, que se encontra inacabada  correm águas pútridas. Há uma mistura de ferro, plástico, farrapos, latas, garrafas, pneus e carcaças de carros.
    A vala de drenagem da Senado da Câmara tem muito lixo. Ela conflui com a vala que parte do Bairro do Asa Branca e atravessa um sem número de casas. Traz na sua correnteza fragmentos de toda a espécie.
    Há uma ponte que atravessa o “rio de lixo” por onde as pessoas passam para chegar ao bairro Malanjinho, que faz fronteira com o Cassequel. A pequena ponte foi construída de emergência para permitir que gente vinda do Bairro Popular ou Cassequel do Buraco passe para o Bairro Malanjinho, que num passado recente foi “habitat” de marginais.
    Tudo mudou com a instalação de uma esquadra móvel, colocada a escassos metros da pequena ponte que atravessa o “rio de lixo”.
    Hoje, o espaço, antes “povoado” de lixo, serve de campo improvisado para partidas de futebol.

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