Quinhentos e 36 casos de violência doméstica foram notificados pelo Gabinete Provincial de Acção Social, Família e Igualdade do Género, na província de Benguela, de Janeiro a Novembro do corrente ano, contra os 448 registados no mesmo período do ano anterior, soube-se hoje.
Em declarações à Angop, nesta segunda-feira, por ocasião dos 16 dias de Activismo pelo Fim da Violência Contra a Mulher, instituído pela Organização das Nações Unidas (ONU), a chefe de departamento da referida instituição, Cidalina Octávio, disse ser necessário elevar-se a consciencialização das vítimas na denúncia dos agressores, nos centros de aconselhamento familiar criados pelo Executivo para o efeito.
Precisou que mulheres e crianças constituem a maioria das vítimas, sendo, no entanto, casos mais frequentes os de fuga a paternidade, não pagamento de alimentos e de abando familiar, muitas vezes seguido de agressões físicas e ameaças com impacto sobre a saúde mental das mulheres e crianças.
Referiu que os 16 dias de Activismo pelo Fim da Violência Contra a Mulher arrancou a 25 de Novembro, com a realização de um culto ecumênico nos arredores do município de Benguela e que contou com a participação de organizações femininas e eclesiásticas, visando apelar para assumpção, responsabilização e compromisso de acabar com a violência nesta circunscrição e no país, um malefício que deve ser banido a partir do seio familiar.
Conforme disse, a responsabilização encontra solução através do diálogo e em acções preventivas, educativas, bem como na divulgação da Lei n.25/11 por parte da instituição e parceiros, na perspectiva de se frenar este desafio social em torno do processo de construção e fortalecimento das famílias.
Para si, no quadro do Plano Executivo de combate a violência doméstica, a intuição vai continuar a trabalhar no sentido de contribuir para moralização da sociedade, fundada no respeito pelos direitos da pessoa, dignidade e igualdade do género.
Para assinalar a jornada dos 16 dias, funcionários do referido gabinete visitaram hoje o Centro de Acolhimento “Perpétuo Socorro”, ligado a Missionárias da Nossa Senhora do Perpétuo Socorro, localizado no bairro da Gama, arredores da cidade, tendo doado bens alimentares diversos, numa incitativa de varias organizações femininas, como a da Mulher Polícia, (AMPA), da Mulher Sindicalizada, e Mulher no Desporto, entre outras.
Na ocasião, a responsável e fundadora do referido internato, a missionária Maria da Cruz Domingos, agradeceu o gesto de solidariedade para com os mais vulneráveis, que vai minimizar as dificuldades com que se debatem os petizes.
Questionada sobre a campanha dos 16 Dias de Activismo, defendeu a necessidade dos adultos estabelecerem compromissos sérios para garantir uma vida sem violência, fundamentalmente a mulher e raparigas, eliminando-a em todas as suas formas.
Com 56 crianças e raparigas órfãs e abandonadas provenientes de diferentes províncias do Pais, desde 2011, o Centro de Acolhimento Perpétuo Socorro garante formação integral aos seus assistidos, com idades entre os cinco e 20 anos, desde formação profissional, académica e espiritual com o apoio de outras quatro missionárias.
Sob o lema ”Desafiemos as barreiras do silêncio e denunciemos acções de violência”, a campanha dos 16 dias de Activismo visa manifestar, lembrar e mobilizar a sociedade e os Estados contra qualquer acto de violência praticado contra mulheres.
O programa contempla a realização, nos dez municípios da província, de debates radiofónicos, palestras, entrega de donativos a comunidades carentes, com vista a prestar homenagem às vítimas e também sensibilizar as famílias sobre as consequências da violência como prática criminal.
A efeméride é considerada como data de reflexão sobre os progressos alcançados nesse domínio, cujo programa encerra a 10 de Dezembro, para assinalar o aniversário da Declaração Universal dos Direitos Humanos, proclamada em 1984. (Angop)