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    Músico Waldemar Bastos na festa da Fundação Calouste Gulbenkian

    O músico e compositor angolano Waldemar Bastos é um dos convidados especiais para o concerto de 24 deste mês, alusivo ao 60º aniversário da Fundação Calouste Gulbenkian, no Anfiteatro ao Ar Livre, em Lisboa (Portugal), soube-se junto da organização do evento internacional.

    De acordo com os organizadores, este concerto especial é o resultado síntese de uma caminhada e também uma visão muito particular nascida de leitura e interpretação muito própria do artista no amplo espectro do universo da música onde o compositor se expressa.

    Segundo os anfitriões da festa, trata-se de um natural casamento entre a música tradicional de Angola e a urbana, em interacção com todas as outras do mundo, fruto de uma viagem cosmopolita vivida pelo autor em parceria com outros como Chico Buarque (Brasil), Dulce Pontes (Portugal), Keiko Matsui e Ryuichi Sakamoto (Japão), Sadazínia (Grécia) ou Busta Rhymes (EUA).

    São estas características artísticas de Waldemar Bastos que fazem dele uma referência cultural repleta de texturas, com voz que transcende a tristeza com um brilho e beleza ímpares. A Fundação Calouste Gulbenkian considera que esta será uma viagem à volta da fogueira, uma noite de poesia.

    Percurso

    Músico e compositor angolano nascido em 1954. Começou aos 7 anos, quando o pai descobriu o filho, com um acordeão, a tocar músicas que ouvia na rádio. Iniciou, então, a ter aulas de violão e de formação musical e cedo descobriu que aprendia tudo com facilidade enorme, não através da leitura das notas, mas por ouvido, o que confirmou o seu talento natural para esta arte.

    Depois da primeira banda de música (Jovial), que actuou em Angola, Waldemar Bastos formou outros grupos que, por todo o país, tocaram em bailes e em concertos gratuitos.

    Após a independência de Angola, em 1975, decidiu viajar pelos países do bloco soviético, como pela Polónia, Checoslováquia, Cuba e União Soviética.

    Nos anos 80, foi viver para o Brasil e, com a ajuda de Chico Buarque (que conhecera, alguns anos antes, durante o projecto Kalunga – projecto que ficou conhecido como um dos maiores intercâmbios entre África e Brasil), gravou o primeiro disco Estamos Juntos (1983) que, para além da participação de Chico Buarque, incluiu também a colaboração de Jaques Morelenbaum, Dorival Caymmi, João do Vale, As Gatas, a Orquestra Sinfónica do Brasil, entre outros.

    Em 1990, em Luanda (Kinaxixe), dá um show ao qual assistiram 200 mil pessoas. Nessa altura, o regresso de Waldemar Bastos fez-se num contexto político das assinaturas do Protocolo de Lusaka e do anúncio do regresso da paz em Angola. Goradas que foram as expectativas, volta a Portugal.

    Depois de ter estado em Paris (França), vive em Lisboa, Portugal, onde gravou os discos Angola Minha Namorada (1990) e Pitanga Madura (1992), cujo tema com o mesmo título se tornou num grande sucesso. Mais tarde, gravou, em Nova Iorque, Pretaluz (1997) e, em 2002, lançou o disco 20 Anos de Carreira. Ainda do álbum Pretaluz, viu três temas – Muxima, Sofrimento e Querida Angola – a integrarem a banda sonora do filme Sweepers, de Dolph Lundgren.

    Realizou vários espectáculos, em diversos países da Europa e de África, além da presença regular em shows no país. Seguiu-se o CD Renascence, lançado em 2005 com o selo da World Connection, na Holanda.

    A sua carreira teve um grande impulso quando David Byrne, ex-Talking Heads, propôs ao músico angolano a participação na recompilação de Afropea 3: Telling Stories to the Sea, que teve também a colaboração de outros artistas pertencentes ao movimento afro-português, como Cesária Évora.

    No percurso profissional, Waldemar Bastos tem sido presença assídua em concertos privados e públicos no Principado do Mónaco, a pedido do Príncipe Ernst-August e da Princesa Carolina, bem como do (falecido) Príncipe Rainier, tendo sido convidado de honra na Gala Bal de la Rose em 2004.

    No livro de Tom Moon “1000 recordings to hear before you die”, a obra do autor de Pitanga Madura está mencionada ao lado de outros géneros como a música sacra e compositores como J.S Bach e Beethoven, entre outros.

    A importância dada por Waldemar Bastos em torno da Defesa dos Direitos Humanos, nomeadamente o trabalho de caridade desenvolvido, em 2001, para o Tokyo Broadcasting Service e a recolha de fundos para o Hallo Trust juntamente com o compositor e pianista Ryuichi Sakamoto para o Zero Landmine.

    Abriu o Festival da UNESCO Don’t forget Africa em 2000 e foi convidado especial no Dia dos Direitos Humanos, organizado pelo Amnesty International Tenerife (Espanha) em 2007.

    Em Abril de 2013 é-lhe atribuído, pelo concurso International Songwriting Competition (ISC), nos Estados Unidos, o segundo lugar com o tema Sofrimento, numa competição onde concorreram 119 países e ficaram seleccionadas mais de 20 mil canções.

    O seu mais recente álbum, Classics of My Soul, junta o músico e a London Symphony Orchestra, dirigida por Nick Ingman. Em Novembro de 2013, apresentou-o no Centro Cultural de Belém com Orquestra Gulbenkian.

    Em 2014, Waldemar Bastos é convidado para ser orador na Conferência “A World without Walls”, organizada pelo Institut for Cultural Diplomacy, por ocasião das Comemorações do 25º Aniversário da Queda do Muro de Berlim. (ANGOP)

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