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    Mourinho Félix coloca adjunto a mandar na SOFID

    O Secretário de Estado Adjunto, do Tesouro e das Finanças, Ricardo Mourinho Félix, prepara-se para indigitar um adjunto do seu gabinete para a Comissão Executiva da SOFID (Sociedade para o Financiamento do Desenvolvimento), um banco de desenvolvimento que ele próprio tutela enquanto governante.

    O CM sabe que Carlos Ribeiro é o nome que Mourinho Félix escolheu para administrador executivo da SOFID, depois de já se saberem os dois nomes que a Secretária de Estados dos Negócios Estrangeiros e da Cooperação, Teresa Ribeiro, que oficialmente não tem a tutela da instituição, havia escolhido: Mariana Abrantes de Sousa e Abel Cubal de Almeida.

    Carlos Humberto Pereira Ribeiro tem desempenhado as funções de adjunto na Secretaria de Estado das Finanças no Governo socialista, é considerado próximo de Ricardo Mourinho Félix e era até seu colega no Banco de Portugal, onde estava como Coordenador da Área de Ativos e Reservas do Departamento de Mercados e Gestão de Reservas, ao passo que o seu agora ‘chefe’ estava na coordenação do Grupo de Previsão da Economia Portuguesa.

    A 10 de Fevereiro deste ano, Ricardo Mourinho Félix publicou um despacho (número 2781/2016) onde autorizava o seu assessor a optar e beneficiar do vencimento de origem do Banco de Portugal, fazendo de Carlos Ribeiro o elemento mais bem pago do seu gabinete, cerca de mil euros acima dos outros adjuntos e cerca de 500 euros acima da sua chefe de gabinete. Neste momento, Carlos Ribeiro aufere 5 375 euros brutos, 2 952 euros líquidos, ao passo que os outros adjuntos não passam dos 3 278 euros brutos e dos 1948 euros líquidos.

    A chefe de gabinete do Secretário de Estado, Susana Cristina Vaz Velho Larisma, também fica abaixo do ‘colega’ do Secretário de Estado, já que aufere 4 159 euros brutos, 2 338 euros líquidos.

    Mas Ricardo Mourinho Félix não se fica por aqui e, pouco mais de seis meses depois de ter ido buscar Carlos Ribeiro ao Banco de Portugal para o seu gabinete, pretende mesmo nomear o seu assessor para um banco detido maioritariamente pelo Estado português, a SOFID, onde ele próprio, enquanto membro do Governo, é o responsável direto pelos 64,3% da participação da Direção Geral do Tesouro e Finanças.

    Esta semana, Carlos Ribeiro, ao lado de Mariana Abrantes de Sousa e Abel Cubal de Almeida, foi ouvido na CRESAP Comissão de Recrutamento e Seleção para a Administração Pública, a entidade que avaliza os altos cargos da Administração Pública em Portugal. Ao que o CM apurou os três nomes já foram aprovados pela CRESAP.

    Depois disto terão que ver a sua idoneidade enquanto administradores de banca aprovada pelo Banco de Portugal, responsável pela supervisão da SOFID. Recorde-se que na semana passada, no dia 15, o CM online noticiou que aquela que deverá ser a nova CEO da SOFID, Mariana Abrantes de Sousa, aceitou o lugar enquanto liderava uma avaliação ao banco público, afastando-se mal o nosso jornal enviou perguntas para o Governo.

    O trabalho que a gestora estava a coordenar foi encomendado e é suportado pelo Camões (instituto tutelado pelo Ministério dos Negócios Estrangeiros) à consultora CESO, uma empresa especializada na área da cooperação e ligada a Lopo Nascimento, um político angolano que foi primeiro-ministro de Angola nos anos 70 e depois chegou a secretário-geral do MPLA, partido dominante na cena política daquele país desde a independência de Portugal.

    De Abril a Junho, Mariana Abrantes de Sousa esteve na SOFID várias vezes como consultora, tendo até ao dia em que o CM enviou perguntas à Secretária de Estado Teresa Ribeiro, no dia 8 de Junho, feito trabalho de campo, analisado dossiês e feito inclusive entrevistas aos quadros da empresa.

    No dia 9, após as perguntas enviadas ao Governo, designadamente sobre se seria o nome na calha para liderar a instituição – e assim passar de consultora externa paga pela consultora que o ministério contratou a presidente executiva do banco –, Mariana Abrantes de Sousa comunicaria à CESO a sua indisponibilidade para continuar a fazer o trabalho de avaliação na SOFID, alegando incompatibilidade, pois tinha sido convidada para um alto cargo público, justamente o de CEO da mesma SOFID.

    O CM contactou, através de correio eletrónico, o gabinete de comunicação do Ministério das Finanças, mas ainda não foi possível obter um comentário do Secretário de Estado Adjunto, do Tesouro e das Finanças, Ricardo Mourinho Félix.  (cmjornal)

    Por: Sónia Trigueirão

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