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    Moçambique: Que medidas tomar face as ameaças da “Junta Militar da RENAMO”?

    Em entrevista exclusiva à DW África na segunda-feira (26.08), o presidente da “Junta Militar da RENAMO”, Mariano Nhongo ameaça impedir a realização das eleições de outubro. Analistas moçambicanos apelam ao diálogo.

    Quatros dias depois do Mariano Nhongo, o presidente da autoproclamada “Junta Militar” da Resistência Nacional Moçambicana (RENAMO), ter ameaçado pôr em causa a realização das eleições gerais de 15 de Outubro, em Moçambique analistas apelam ao diálogo interno e junto do Governo.

    “Queremos ver quem é esse (…) que vai andar por aí a gritar vote em mim (…), vamos matar. Vou colocar armas em todos os distritos e vamos emboscar os que vão fazer campanha porque deixaram a RENAMO de fora”, esta é uma parte das ameaças proferidas por Mariano Nhongo em entrevista exclusiva à DW África, na última segunda-feira (26.08).

    As reacções de repúdio a estes pronunciamentos do senhor Mariano Nhongo continuam a circular nos media. O académico Adriano Nuvunga lembra que as eleições são um direito dos cidadãos, pelo que “nenhum grupo armado pode dizer que vai perturbar a realização deste direito, porque isso é atentado contra a liberdade e os direitos dos cidadãos”. Nuvunga destaca que “o general Nhongo deve compreender se o movimento que está a liderar é uma cisão na RENAMO, e caso seja isso, então ele tem que promover a criação de um outro partido, assim como foi o surgimento do Movimento Democrático de Moçambique (MDM)”.

    Nuvunga vai mais longe ao afirmar que “o que não deve ocorrer é fazer o processo eleitoral refém, porque não é [propriedade da RENAMO], mas sim, dos moçambicanos, que são maiores do que qualquer grupo político e militar, para que possam expressar a sua vontade política de escolher os seus dirigentes”.

    Problema interno

    Caifadine Manasse, porta-voz da Frente de Libertação de Moçambique (FRELIMO), voltou a afirmar que esse é um assunto interno que a RENAMO deve saber resolver. “É daqueles assuntos que todos devemos estar envolvidos para repudiar”, disse Manasse, para quem “o processo de eleições é irreversível. Vamos ter eleições. Sempre tivemos eleições de cinco em cinco anos”.

    “A RENAMO tem que encontrar uma solução com os seus homens e assim trabalharmos para desenvolvermos o nosso país”, apelou Manasse.

    Por seu turno, a Comissão Nacional de Eleições (CNE), através do seu porta-voz, Paulo Cuinica, mostra-se preocupada com as ameaças, mas acredita que as forças de defesa nacional garantirão a segurança dos eleitores.

    “Naturalmente estamos preocupados. Estas questões são resolvidas pela Polícia da República de Moçambique (PRM), e pelas Forças de Defesa e Segurança (FDS)… estas é que devem garantir a segurança”, disse Cuinica assegurando que do lado da CNE há garantias de que o processo eleitoral, venha decorrer com tranquilidade.

    Liderança não inclusive de Momade

    Adriano Nuvunga diz que a crise no seio da RENAMO é o resultado de uma liderança não inclusive do actual presidente do partido, Ossufo Momade. Mas também acredita que houve falhas nas negociações para o acordo de paz, assinado em Maputo, no dia 06 de Agosto. Por isso apela ao bom senso para o fim desta crise, que no seu entender já não é apenas da RENAMO.

    “É uma questão de governação. É preciso alargar a mesa de diálogo para que o general Nhongo e o seu grupo possam participar e por via disso permitir uma reconciliação da sociedade moçambicana e uma governação inclusiva”, defende o académico Adriano Nuvunga, actual director Executivo do Centro para Democracia e Desenvolvimento (CDD).

    Recorde-se, que em entrevista à DW África na terça-feira (27.08), o porta-voz da RENAMO, José Manteigas disse que as ameaças de Mariano Nhongo eram matéria do Estado, por considera-las crime. No entanto, Adriano Nuvunga observa que este posicionamento da RENAMO é um abandono dos antigos membros o que para ele pode “exacerbar o problema ao invés de encontrar uma plataforma de resolução”.

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