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    Mobilização geral contra a sinistralidade rodoviária

    Os acidentes de viação causam centenas de óbitos por mês em todo o país Fotografia: Jornal de Angola

    O Hospital Provincial do Kwanza-Norte recebe em média, por mês, 250 sinistrados, dos quais cerca de 30 falecem, disse ao Jornal de Angola o seu administrador, José Hote.
    José Hote frisou que 80 por cento das vítimas são homens dos 15 aos 25 anos e em 70 por cento dos acidentes no Kwanza-Norte há o envolvimento de motociclos.
    “Os números sugerem reflexão para se identificar as causas e soluções para esse flagelo”, afirmou o gestor hospitalar.
    O director nacional de Viação e Trânsito, Inocêncio de Brito, também contactado por este jornal, aponta como uma das saídas a proibição da venda de bebidas alcoólicas em bombas de combustíveis.
    A esse respeito, 60 pessoas instadas acham que a maioria da bebida consumida, que influencia a má condução, adquire-se em praças e cantinas próximas das estradas.
    À guisa de exemplo, Inocêncio de Brito falou dos 136 quilómetros da nova rodovia que liga Maria Teresa, província do Bengo, a Ndalatando, Kwanza-Norte. Neste troço, que não tem nenhuma bomba de combustível instalada, já existe mais de 100 áreas de venda de bebidas alcoólicas, incluindo o maruvo.
    À semelhança dos demais entrevistados, Bento Oliveira, instrutor de uma escola de condução, afirmou que o combate ao consumo de bebidas alcoólicas era reforçado com a realização frequente de testes de alcoolemia em postos afins, com suficiente efectivo policial.

    “Ao detectar-se álcool a mais, imediatamente se recebia as chaves do carro e o condutor obrigado a pagar a multa num prazo muito curto”, disse Bento Oliveira.
    Rui Silva, taxista há 15 anos, defendeu que os testes de alcoolemia devem ser mais regulares e abranger a maioria das rotas, porque hoje a acção policial só se verifica nas imediações de Calomboloca, na estrada que liga Luanda à província do Kwanza-Norte e que dá acesso ao norte, centro e sul do país.

    Educação moral e cívica

    Honorato Correia, também taxista, lançou uma crítica: “Os mais visados nos testes são os taxistas, quando deviam ser os camionistas.” Ele justificou com o argumento de que “os taxistas param pouco em barracas de comes e bebes, porque estão em constante serviço e precisam de chegar tranquilos ao destino. Os demais é que transformam a viagem em turismo”.
    Em reacção, agentes da Brigada Especial de Trânsito em serviço no troço Triângulo-Ndalatando, Quatrocentos e Santos Domingos disseram a este jornal que a fiscalização abarca todas as viaturas, sem qualquer excepção.  A embriaguez é considerada uma das principais causas dos acidentes de viação, porque a pessoa embriagada conduz sem controlo, faz ultrapassagens arriscadas e encandeia outros veículos, reconheceu José João António, que trabalha há um ano como taxista.
    “Andar acima de 100 quilómetros por hora é sinónimo de falta de precaução e de noção do risco, geralmente imprevisível”, sublinhou José João António.
    A imprudência está também entre o rol de causas de acidentes de viação, como o que envolveu o cidadão Agostinho Alberto, motorista desde 1980.
    Este cidadão provocou, em 22 de Novembro último, uma colisão entre o veículo que conduzia e um camião ao tentar fazer inversão de marcha em local desaconselhado. “Não me orientei pelos retrovisores e nem imaginava que vinha alguma viatura”, comentou Agostinho Alberto. A realidade nas rodovias faz o regulador de trânsito Santos Domingos duvidar da capacidade de muitos condutores e daí sugerir a inspecção constante das escolas de condução.
    Bento Oliveira, da escola Longa Vida, disse que os cursos duram até quatro meses, período que pode ser dilatado caso haja necessidade.

    Dor e luto em muitos lares

    A superlotação dos hospitais também se deve aos acidentes que, depois da malária, é a segunda causa de hospitalizações.
    O principal hospital da província do Kwanza-Norte precisa de mais 100 camas e da existência do serviço de neurologia, disse o administrador José Hote.
    Licenciado em Enfermagem, José Hote manifesta-se seriamente preocupado pelo facto de os flagelados nas estradas serem a força economicamente activa.
    “Quando o número de incapacitados é elevado, a sua manutenção transforma-se em pesado fardo para o Estado”, declarou Miguel Hote, acrescentando que estancar a sinistralidade é um dos maiores desafios para a sociedade.
    O instrutor Bento Oliveira aconselha os encarregados de educação a recomendar aos seus dependentes para atravessarem as ruas pelas passadeiras e defende a introdução do Código de Estrada no currículo escolar do ensino geral.
    “Muitas vezes os alunos vêem o sinal, mas, por não entenderem, decidem atravessar”, sublinhou o instrutor Bento de Oliveira.
    Rui Silva propõe a sensibilização urgente dos camionistas sobre os perigos dos encandeamentos.
    Ao todo, 2.613 pessoas morreram em acidentes de viação ocorridos em vários pontos do país, entre Janeiro e meados de Novembro, o que representa uma média de 248 óbitos por mês e oito por dia.

     

    Fonte: JA

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