“Sou um cidadão britânico que vive na América há seis anos – trabalho muito, contribuo para a sociedade, pago os meus impostos e educo quatro crianças num sítio ao qual chamam casa.
Agora, dizem-me a mim e a muitos outros como eu que não somos bem-vindos. É profundamente preocupante ter de dizer aos meus filhos que o papá pode não conseguir voltar para casa – explicar como o presidente implementou uma política que vem da ignorância e do preconceito”, disse Mo Farah, numa declaração escrita citada pelo jornal The Guardian.
Farah é um dos que estão a ser afetados por esta mudança, mas há outrod casos surpreendentes, já que o decreto afeta pessoas com dupla nacionalidade – de qualquer um dos sete países de maioria muçulmana visados (Iraque, Síria, Irão, Líbia, Somália, Sudão e Iémen).
Entre aqueles que estão abrangidos há casos como o do realizador iraniano Asghar Farhadi, que dirigiu “O Vendedor”, filme nomeado para o Óscar de melhor filme estrangeiro, e não vai poder assistir à entrega dos prémios da Academia de Hollywood, ou de um deputado conservador britânico, que tem também cidadania iraquiana – o decreto abrange pessoas com dupla nacionalidade.
Farah lembra que chegou a Inglaterra aos 8 anos e que lhe deram a possibilidade de ter sucesso e concretizar os seus sonhos. “A 1 de janeiro deste ano, a Rainha fez-me cavaleiro do Reino. A 27 de janeiro, o presidente Donald Trump tornou-me num imigrante ilegal (alien)”, compara o atleta. “A minha história é o exemplo do que pode acontecer quando se seguem políticas de compaixão e compreensão, não ódio e isolamento.”
Embora Farah seja britânico, nasceu na Somália e viveu no país até aos 8 anos, antes de se tornar cidadão britânico, o que pode complicar a sua situação e levou os seus advogados a procurarem esclarecimento, explica o jornal The Guardian. (dn.pt)