Lutfi Elvan, tido como o último defensor de uma política económica mais ortodoxa, pediu a demissão, e foi substituído por Nureddin Nebati que tem vindo a fazer uma defesa veemente da política do Presidente Erdogan, de cortar as taxas directoras apesar do aumento da inflação
O ministro das Finanças turco, Lutfi Elvan, demitiu-se e foi substituído um Nureddin Nebati que tem vindo a fazer a defesa da política monetário do Presidente Recep Tayyip Erdogan, numa altura em que a lira turca continua numa imparável queda.
Desde o banco central ao Ministério das Finanças rolam cabeças no governo turco e são de todos aqueles que se opõem a política económica pouco ortodoxa do Presidente Ergodan que insiste em cortar as taxas de juro enquanto a inflação dispara.
Nureddin Nebati, que exercia o cargo de vice-ministro das Finanças, argumenta que a Turquia há anos que tenta implementar uma política de taxas baixas, mas enfrenta forte oposição. “Desta vez, estamos determinados, e vamos implementá-la”, escreveu no Twitter, acrescentando que “não havia problema” em manter as taxas de juros baixas nas actuais condições de mercado.
E nas actuais condições a lira turca perdeu cerca de 40% de seu valor desde o início de Setembro, quando Erdogan pressionou o banco central a cortar repetidamente as taxas de juro, estando a actual taxa de referência nos 15%, apesar da taxa anual inflação próxima a 20%.
Essa abordagem da política económica e monetária tem suscitado alertas de economistas que consideram que governo turco corre o risco de uma inflação descontrolada e de provocar instabilidade financeira.
Nebati, um ex-empresário que se tornou político, é tido como próximo do genro de Erdogan, Berat Albayrak, que ocupou a pasta das Finanças de 2018 a 2020, renunciando ao cargo em Novembro, no que foi considerado um mandato altamente polémico.
Lufti Elvan, de 59 anos, era respeitado pela comunidade empresarial turca, mas estava cada vez mais isolado dentro do Governo, e fazia o que podia para controlar a inflação e manter a estabilidade da moeda, mas para Erdogan fazia mal, e criticou o ministro das Finanças, de forma mais ou menos evidente, no parlamento.
Em 2014, a Turquia viu-se obrigada a vender 3,2 mil milhões de dólares das suas reservas em moeda estrangeira, de lá para cá, nunca mais recorreu a uma medida deste tipo, mas a verdade é que milhões de dólares continuaram a ser escoados das suas reservas com maior incidência entre 2019 e 2020 numa tentativa não-oficial, e pelos vistos mal-sucedida, de evitar a depreciação da lira, o que têm suscitado fortes críticas da oposição turca.