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    Ministro da Cultura propõe ensino do Kimbundo nas escolas brasileiras

    O ministro da Cultura e do Turismo, Filipe Zau, sugeriu hoje, à Unesco, em Luanda, a introdução do dialecto nacional Kimbundo no sistema de ensino brasileiro, como forma de este país evidenciar melhor a sua africanidade e laços históricos com Angola.

    Ao intervir na cerimónia de apresentação de um volume de três livros voltados para África, o governante disse existirem já alguns aplicativos sobre Kimbundo e que, enquanto Reitor da Universidade Independente de Angola, viveu essa experiência através da Rádio Unia.

    “Deixo-vos aqui um desafio, porque não gosto de falar sem produzir resultados. Recebi e estou à disposição para proporcionar à Unesco, numa primeira fase, um professor para leccionar, por vídeo-conferência, aulas de Kimbundo para a Unesco”, expressou.

    Então, salientou, se estiverem interessados, “tal como fazemos as nossas conferências, vamos transformar esse nosso grande oceano num rio mais pequeno, passando a língua kimbundo para aprendizagem e maior afirmação da vossa africanidade”.

    O ministro dirigia-se a um pequeno grupo de professores e escritores brasileiros e angolanos, bem como a membros da Organização das Nações Unidas para a Educação, Ciência e Cultura (Unesco) e estudantes, na União dos Escritores Angolanos (UEA).

    Na ocasião, Filipe Zau adiantou que a referida iniciativa é uma razão filosófica e não doutrinária muito importante para que efectivamente junto se possa construir um futuro melhor para as gerações vindouras, particularmente de Angola e do Brasil.

    “É com esse espírito que o Arquivo Nacional se abre para trabalharmos juntos; para trabalharmos as fontes de um lado e do outro para que possamos também conservar e digitalizar essas fontes com o olhar que as tecnologias nos possam dar nos dois sentidos”, referiu.

    O governante disse ser necessário mudar-se os currículos e que as realidades objectivas e sociais se coloquem, hoje em dia, para estudo e não conhecimentos descartáveis que a gente apenas teoriza e se certifica, mas no fundo não servem para absolutamente nada.

    “E vamos emprestar as nossas boas vontades e práticas do passado e do presente, para um lado e para o outro, tendo em conta que nós somos a sexta região de África e esta região é a diáspora. E hoje a União Africana já fala da diáspora e toda a gente já reconhece a diáspora”, argumentou.

    Tal como as informações que levam sobre a Rainha Njinga, considerou o ministro da Cultura e do Turismo, os angolanos também querem saber quem é a Teresa Benguela, cujo histórico é muito bonito, e isso é o melhor que a descoberta do conhecimento pode proporcionar.

    Para Filipe Zau isso é que dá esse sentido permanente de curiosidade e de correr atrás do conhecimento e das vontades de nos situar à procura sempre da realidade objectiva da verdade e não da demagogia ou do sentido doutrinário da vida que para tal já basta a religião.

    “Espero que no dia 31 quando saírem daqui levem um conjunto de coisas, ensinamentos e experiências que possam considerar úteis para abrir caminho para o nosso futuro”, perspectivou o também professor reformado e músico.

    A intenção, prosseguiu, é transformar o Atlântico num rio onde se consiga ver a margem mais facilmente, no outro lado, sem grandes preocupações, conhecendo-se os compatriotas que partiram nas caravelas, com metade destes acabando por ficaram no mar.

    “Portanto, muitos são nossos através de uma identidade que nós não conhecemos e eles chegaram no lado de lá com toda a ascendência africana, pelo que urge a necessidade de estes nos conhecerem também melhor”, contou.

    Para o governante, Isso permitirá chegar a um traço único de conhecimento mútuo de uma mesma identidade, sem se perder necessariamente o sentido de autoridade que faz com que essa educação multicultural e intercultural se processe em prol do conhecimento.

    Quanto as obras apresentadas, trata-se de três livros distintos, todos com abordagens voltadas à realidade africana e dos africanos, designadamente “As mentiras do Ocidente”, “Mulher negra e ancestralidades” e Racismo, num total de três mil exemplares, editados pela Selo Negro.

    Todos possuem mais de 100 páginas e foram produzidos sob coordenação de Dagoberto Fonseca, professor da Universidade Estadual Paulista. Os mesmos foram lançados no Brasil no trimestre passado e, em Angola, estão a ser comercializados a 17.000 kz; 34.000 kz e 43 mil kwanzas.

    Angop/Mds

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    FonteANGOP

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