Terça-feira, Maio 14, 2024
15.1 C
Lisboa
More

    Milhares de catalães contra a independência protestam em Barcelona

    Milhares de catalães contrários à declaração de independência na Catalunha foram às ruas neste domingo (29) em Barcelona, ​​revelando as divisões na região, por cujo controle disputam o governo espanhol e o destituído executivo separatista.

    “Somos todos Catalunha!”, com este mesmo slogan, os organizadores desta marcha reuniram centenas de milhares de pessoas no dia 8 de outubro, uma semana após o referendo inconstitucional sobre a independência, que mergulhou a Espanha em uma crise sem precedentes.

    “Coexistência e bom senso” pediam os cartazes no Passeio da Gracia em Barcelona, ​​onde desde as primeiras horas da manhã os cidadãos começaram a se reunir com bandeiras catalãs, espanholas e europeias, em uma manifestação organizada pela associação anti-independência Sociedade Civil Catalã, que conta com o apoio das principais partidos não separatistas.

    O conflito entre o governo separatista da Catalunha e o executivo central de Mariano Rajoy alcançou seu ponto alto na sexta-feira: o movimento de independência proclamou uma república, enquanto Madrid respondeu destituindo o governo regional e assumindo o controle de sua administração.

    Considerada uma ofensa pelos separatistas, a intervenção de Madrid é recebida com certo alívio por cerca de metade dos 7,5 milhões de habitantes desta região que, após anos eclipsados ​​pelas mobilizações separatistas, aumentaram seus protestos.

    “Não posso sair com a bandeira espanhola na minha cidade”, lamentava Marina Fernández, uma estudante de 19 anos de Gerona, uma das cidades mais pró-independência da região.

    Os separatistas “vivem em um mundo paralelo, surrealista. Tenho raiva quando falam em nome de todos os catalães”, indignava-se Silvia Alarcón, de 35 anos.

    “É ilegal o que eles fizeram”, disse Miguel Ángel García, um aposentado de 70 anos. “Se Madri não assumir suas responsabilidades, sentirei-me completamente enganado”.

    – “O presidente é Puigdemont” –

    Pelo segundo dia consecutivo, esta região espanhola auto-proclamada como república, acordou sem saber quem controla sua administração.

    Oficialmente, o governo liderado por Carles Puigdemont foi destituído e suas funções foram assumidas pela vice-presidente espanhola Soraya Sáenz de Santamaría. O Parlamento regional também está dissolvido até as eleições convocadas por Rajoy para 21 de dezembro.

    Cerca de 150 autoridades da administração catalã foram demitidas e a cúpula da polícia regional, os Mossos d’Esquadra, afastada por ordens do ministério do Interior. Na sede do governo catalão, a bandeira espanhola tremulava.

    Mas os líderes separatistas não reconheceram sua destituição. Em uma carta publicada no jornal El Punt-Avui, Oriol Junqueras, vice-presidente do executivo regional, assegurou que “o presidente do país é e continuará sendo Carles Puigdemont”.

    “Não podemos reconhecer o golpe de Estado contra a Catalunha, nem nenhuma das decisões antidemocráticas que o Partido Popular [de Rajoy] está adotando por controle remoto de Madrid”, acrescentou.

    Menos explícito foi Puigdemont, que em uma mensagem televisiva no sábado afirmou que “está claro que a melhor maneira de defender as conquistas obtidas até hoje é a oposição democrática à aplicação do artigo 155” da Constituição, usado pelo poder central para destituí-lo.

    O dirigente separatista não indicou como a oposição deve se manifestar. Mas, depois de vários dias, os Comitês de Defesa da República de bairros pediram a “resistência pacífica” dos catalães contra a tutela do Estado.

    De acordo com o seu advogado Jaume Alonso-Cuevillas, existem atualmente “duas legalidades coexistindo” na Catalunha, a espanhola e a nova “República catalã”, e os próximos dias serão fundamentais para ver qual vai se impor.

    Também se espera que a Procuradoria espanhola processe Puigdemont por “rebelião”, um crime punível com até 30 anos de prisão.

    – Dilema eleitoral –

    Apesar dos processos judiciais abertos contra ele, o governo espanhol entende que o líder separatista catalão poderá se apresentar para as eleições convocadas para dezembro.

    “Todos são chamados a participar, inclusive Puigdemont que é convidado a se apresentar” como candidato, declarou o embaixador espanhol na França, Fernando Carderera.

    Este anúncio anunciado por Rajoy na sexta-feira desconcertou os separatistas e abriu um dilema: participar e dar-lhes legitimidade ou boicotar e deixar o terreno livre aos partidos contrários à separação que estão ganhando terreno?

    De acordo com uma pesquisa publicada neste domingo pelo jornal El Mundo, os partidos independentistas perderiam a maioria absoluta obtida em setembro de 2015, passando de 72 assentos para entre 61 e 65, de um total de 135. (Afp)

    Publicidade

    spot_img

    POSTAR COMENTÁRIO

    Por favor digite seu comentário!
    Por favor, digite seu nome aqui

    Este site utiliza o Akismet para reduzir spam. Fica a saber como são processados os dados dos comentários.

    - Publicidade -spot_img

    ÚLTIMAS NOTÍCIAS

    Eni pretende desmembrar projetos de petróleo e gás para se adaptar às exigências do mercado energético em mudança

    A Eni , empresa de energia italiana, está a considerar desmembrar algumas participações em projetos de petróleo e gás...

    Artigos Relacionados

    Social Media Auto Publish Powered By : XYZScripts.com
    • https://spaudio.servers.pt/8004/stream
    • Radio Calema
    • Radio Calema