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    Médico legista reafirma que advogada foi esfaqueada antes de colocada na fossa

    O Tribunal ouviu, no segundo dia de audiência em julgamento, o declarante Gregório Chavlosk, o médico legista que fez o relatório da morte da advogada Carolina Sousa, que voltou a afirmar que a vítima não estava morta quando foi colocada na fossa e tinha vestígios claros de cinco golpes de faca. O réu, diante destas declarações, contrariou o legista e ainda disse que amava a sua esposa.

    De acordo com OPAÍS, a forma fria e com sinais de falta de remorso com que o contabilista e pastor Olívio Raúl Miguel de Sousa, de 28 anos, respondia às perguntas feitas pela juíza da causa, D’Jolime Bragança Augusto, e pelo advogado assistente, Benja Satula, durante a acareação, fez com que muita gente que foi assistir ao julgamento abandonasse a sala de audiência.

    Olívio estava, mais uma vez, a mentir, como se ouvia nos comentários murmurados na sala de audiência.

    Estava a mentir porque Gregório Chavlosk, o médico legista que teve a paciência de “despir” todos os aspectos técnicos para explicar o relatório de autópsia, voltou a dizer que as causas da morte foram asfixia mecânica, penetração de líquidos na mucosa e afogamento, o que prova que a advogada foi posta na fossa ainda em vida.

    O corpo analisado pelo especialista tinha sinais mais do que evidentes de esfaqueamento e as perfurações mostravam pelo menos cinco golpes. Não houve qualquer reacção da vítima porque nesta altura, embora em vida, estava inconsciente. Por outro lado, o médico legista voltou a afirmar que Carolina Sousa não estava grávida.

    Diante das declarações do médico, o advogado da família, Benja Satula, viu-se obrigado a pedir uma acareação (questionamento simultaneo entre o réu e o declarante/ testemunha), pelo que Olívio, quando questionado se esfaqueou ou não a esposa, este respondeu negativamente. O réu disse que continuava a manter as declarações iniciais dada em tribunal.

    Durante a acareação do advogado assistente, a plateia teve um pequeno descontrolo das emoções e lágrimas invadiram os olhos de alguns assistentes. Benja Satula foi mais profundo ao ponto de perguntar ao réu se realmente amava a sua esposa, pelo que este respondeu que sim.

    “Se a amava, por que razão fez isso?”, perguntou o advogado, tendo o réu respondido: “mantenho as declarações iniciais: ciúmes”.

    O ciúme de Olívio Raúl Miguel de Sousa, jovem que disse ser pastor na Igreja Assembleia de Deus Pentecostal, fez com que ignorasse o mandamento da Lei de Deus que diz “amai-vos uns aos outros como a ti mesmo” e o colocasse a responder na 9ª Secção, do Palácio Dona Ana Joaquina, pelos crimes de homicídio qualificado e ocultação de cadáver.

    Advogados desapontados com Olívio

    Os advogados de defesa do réu mostraram-se desapontados com Olívio, porque antes mesmo do início do julgamento conversaram com ele e o aconselharam a falar a verdade, de modo a que lhe seja atenuada a pena, mas o réu está a agir de forma contrária.

    O facto de não estar a mostrar qualquer tipo de arrependimento poderá agravar a sua pena. Pesam sobre si acusações que dão conta de que, no dia 28 de Novembro do ano passado, no Zango III, na residência do casal, resultante de uma discussão que tiveram no quarto, Olívio terá desferido dois golpes na cabeça de Carolina, com um bloco de cimento, tendo deixado esta inconsciente.

    Mesmo vendo que a mulher estava inanimada, não a socorreu, pelo que desferiu cinco golpes com faca, segundo o que consta dos autos, embrulhou o corpo da vítima com uma manta e depositou-o na fossa de casa, quando ainda estava em vida.

    Nega ter desferido dois golpes com bloco na cabeça de sua então mulher, alegando ser apenas um golpe, da mesma forma que não desferiu sequer qualquer golpe com faca, como consta dos autos. Nega ainda ter colocado lixívia na fossa, após depositar o corpo de Carolina, bem como ter colocado por cima deste uma madeira de formas a evitar que viesse ao de cima.

    Uma das coisas que o pastor Olívio não nega é que matou Carolina Sousa, a mulher com quem estava casado há dois anos e seis meses, depois de uma discussão que resultou de uma crise de ciúmes do mesmo. Conta que há algum tempo que o casal não estava bem, por não terem conseguido gerar um filho, situação que provocava sempre uma discussão.

    Na última sessão de julgamento, para além de ser ouvido o médico legista, foram ouvidos também três elementos do Serviço de Investigação Criminal que participaram do acto de reconstituição do crime. O tribunal marcou a próxima audiência para Quinta- feira, às 16h, e espera-se que sejam apresentadas as alegações finais.

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