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    Linha ferroviária abre em Cacuso

    A direcção do Caminho-de-Ferro de Luanda (CFL) prepara-se para construir uma linha ferroviária em direcção ao perímetro agrícola do Cacuso, que possui actualmente três grandes projectos: a Biocom, e as fazendas Pungo Andongo e Pedras Negras. Actualmente, a Pungo Andongo já está a produzir com níveis muito altos, razão pela qual o CFL está a ponderar a possibilidade do transporte de cargas e da produção dos referidos centros agro-industriais ser feita por comboio.

    O programa do CFL inclui também o restabelecimento do ramal do Centro de Enchimento de Gás, localizado na cidade de Malange, para permitir o transporte do produto de Luanda para Malange. Com esta hipótese, o Presidente do Conselho de Administração do CFL, Lobo do Nascimento, admite a possibilidade de o comboio chegar ao próprio centro de enchimento de gás.

    A vinda a Malange de uma equipa chefiada pelo referido PCA permitiu a realização de visitas às referidas unidades, manter encontros com os seus responsáveis e analisar as condições de escoamento da produção.
    Lobo do Nascimento salientou que o transporte vai ser efectuado num sistema combinado, ou seja, ferroviário e rodoviário, “e em simultâneo pedimos a uma empresa ferroviária para nos apresentar uma proposta para a construção de um ramal. Vamos esperar que essa empresa nos apresente a proposta, para depois a fazermos chegar ao Ministério dos Transportes e aguardar que seja analisada”.

    Existe, referiu, um conjunto de passos que precisam de ser dados, mas o mais importante é que esse objectivo seja cumprido, ou seja, a construção do ramal. “Acredito que, dada a potencialidade que esses projectos representam, este ramal tem de ser necessariamente feito, porque só a Biocom vai começar a produzir anualmente, a partir de 2014, um milhão de sacos de açúcar e nos anos a seguir a produção pode aumentar”, explicou.

    Durante o encontro com os representantes das referidas unidades de produção, foram ainda analisadas outras alternativas de transporte, enquanto o ramal não entrar em funcionamento. No município de Cacuso, assegurou, já está a ser preparado um parque de transição, para haver uma combinação entre as vias ferroviária e rodoviária que sirva as várias unidades.

    Lobo do Nascimento referiu que vai ser erguido, na estação de Malange, um parque de transição, para servir os carregadores locais. “Já fomos contactados por vários carregadores que querem transportar carga a partir de Luanda. Essa carga parte de Luanda até Malange por via-férrea e a partir desse parque de transição, que vamos começar a construir, há que ver o modo rodoviário para a carga continuar a sua viagem”, explicou.

    Iniciativa aplaudida

    O administrador da empresa Gesterra, Eduardo Barros, saudou a iniciativa da direcção do CFL. Do seu ponto de vista, as vantagens são enormes, numa perspectiva de crescimento da região de Capanda, uma vez que a Gesterra é a detentora de dois grandes projectos na região do Pungo Andongo que consomem inputs em quantidades enormes.

    “Pretendemos usar essa viabilidade do crescimento do CFL para o escoamento da produção agrícola, designadamente cereais e produtos acabados”, adiantou.
    A Fazenda Pungo Andongo já está a produzir em pleno e, dentro de pouco tempo, a Agro-industrial Pedras Negras também vai começar a produzir.

    Eduardo Barros anunciou que na campanha agrícola prestes a começar estão projectadas 40 mil toneladas de cereais. Conforme for crescendo a capacidade, tanto de produção como de transformação, vão ser criadas as condições para o reforço da capacidade de transporte dos produtos.
    Em termos de produção, o responsável referiu que cerca de oito mil hectares foram produzidos nos dois projectos. Estas quantidades vão crescer nas próximas campanhas agrícolas, particularmente para os cereais.

    “O milho vai constituir prioridade, tendo em conta as necessidades não só humanas mas também de produção animal, com realce para os bovinos, frangos e ovos”, frisou.
    Eduardo Barros adiantou que o processo de refinação do óleo de soja arranca em breve, e o produto vai, numa primeira fase, ser utilizado apenas para a produção de rações, por constituir um componente importante que é incorporado no fabrico de rações. As fazendas vão ainda encarregar-se da produção do feijão e da soja.

    Investimentos

    Em cada campanha agrícola, os investimentos rondam entre 800 a 900 milhões de kwanzas. Até ao momento, o volume dos investimentos já anda na casa dos seis mil milhões. O projecto continua a ter como potenciais clientes o mercado nacional. “Temos alguns clientes industriais para o caso dos cereais, outros produtos, os próprios vendem directamente aos clientes”, explicou.
    A Indúve, a Socoil no Lubango e alguns criadores e produtores avícolas a nível do país completam a lista dos potenciais clientes.

    Chuvas e energia

    O administrador da Gesterra augura dias melhores no que diz respeito às chuvas. Para ele, as perspectivas são óptimas e “tudo indica que possamos vir a ter boas chuvas este ano. Arrancámos agora com a sementeira dos dois projectos, porque estamos a contar com as constantes chuvas que vão cair”, disse.
    Na Fazenda Pungo Andongo foi recentemente instalado um ramal de energia eléctrica. O projecto, realçou, vai continuar para cobrir as necessidades eléctricas da fazenda. Com o quadro actual, ficam ultrapassados os problemas do passado em que a mesma era abastecida por grupos geradores.

    Força de Trabalho

    Um dos grandes componentes dos projectos que estão a ser incrementados é, sem dúvida, a força de trabalho, com prioridade para os nacionais. Entre a já existente, conta-se com a parceria internacional. “Esses parceiros são escolhidos devido à sua capacidade técnica”, esclareceu. A parceria internacional garante a formação aos nacionais por um período de dois a três anos, para permitir que os mesmos assegurem a continuidade do seu funcionamento. Neste momento, dos projectos que já estão a desenvolver-se, segundo assegurou, cerca de 85 por cento da força de trabalho é nacional, ou seja, recrutados localmente, na comuna do Pungo Andongo, município do Cacuso.

    Equipamentos de trabalho

    As máquinas nunca são suficientes, porque “todos os anos temos de fazer um investimento enorme para a reposição da capacidade de mecanização agrícola e também por causa da ampliação das áreas de produção agrícola”, referiu Eduardo Barros, administrador da empresa Gesterra.
    Em cada ano, salientou, conta-se com a reposição, num investimento avaliado na ordem dos 25 por cento do total do projecto.

    Fonte: JA


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