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    Kilandukilu prepara festejos de aniversário

    Companhia de ballet conquistou este ano o Prémio Nacional de Cultura e Arte na categoria da dança pelo conjunto da sua obra

    O director do Ballet Tradicional Kilandukilu disse, ontem, ao Jornal de Angola, que está a ser preparado um programa para assinalar, em 15 de Março, o 28º aniversário do grupo.
    O programa inclui lançamentos de um livro, de um disco de originais, de um DVD e a realização de um espectáculo centrado na trajectória da companhia.
    Manuel Vieira Dias revelou que no espectáculo participam alguns dos elementos dos núcleos da companhia no Uíge, o Nkembo-Kilandukilu, e em Portugal.
    O espectáculo, referiu, centra-se na trajectória artística da companhia, tal como os DVD e o disco.
    O director da companhia revelou que, com base num acordo com a Organização Não-Governamental brasileira “Pés no chão”, do Recife, tem sido desenvolvido um trabalho de divulgação da cultura angolana naquele país.
    O ballet Kilandukilu, lembrou, usa como instrumentos de percussão, batuques, marimbas, puítas, mondo, gaitas, dicanzas, bate-bate e flautas e outros não convencionais, como bacias com milho, arcos envolvidos numa pele com chocalhos e saco plásticos.
    A atribuição, este ano, do Prémio Nacional de Cultura e Arte, pelo conjunto da sua obra, disse, “é reconhecimento da continuidade”, por aquilo que o grupo tem deixado às novas gerações.

    A mais antiga

    Esperança Cauindo pertence ao grupo há 16 anos. É a mais antiga bailarina em actividade. Apaixonou-se pela dança por influência de uma tia, que também pertence ao Kilandukilu.
    “A minha tia levava-me a assistir aos ensaios e fui ganhando o gosto pela dança”, disse.
    Como momento alto da carreira elege uma viagem, há dois anos, a Israel, por lhe permitir conhecer “a terra de Jesus Cristo”. Antónia Pereira, 40 anos, é a mais velha do grupo. É casada e tem uma filha, mas isso não a impede de dançar. Professora do ensino primário há 24 anos está no Kilandukilu há 12. Afirmou que apenas é possível conciliar os afazeres de casa, os profissionais e da dança graças ao apoio do marido, que também foi bailarino e agora faz teatro.
    O melhor momento da carreira, garantiu, foi num espectáculo realizado, em 2002, no Teatro Avenida. “A emoção foi tanta, que no final todo elenco chorou”, disse.

    Empenho e dedicação

    Mariquinha Francisco entrou no ballet, há 11 anos, tinha 13. Lembrou que já ensaiava num grupo amador da uma irmã, mas que sentiu “necessidade de evoluir como bailarina profissional” e aceitou um convite da uma amiga para ir ensaiar no escalão infantil do Kilandukilu. Pela dedicação e empenho ascendeu rapidamente ao escalão de adultos. Uma viagem ao Japão foi o momento mais marcante da carreira.

    A versatilidade
    de Francisco João

    Francisco João, 54 anos, é percussionista. Pertenceu aos conjuntos musicais O Facho, Fenomenal, Balança 8 e Ilundu, onde conheceu a coreógrafa Ana Maria, que olevou para o Kilandukilu, onde toca puíta, dikanza e batuque. Está há dez anos no grupo e não tem dúvida que que a experiência que trazia lhe facilitou o enquadramento no grupo.
    Celso Domingo é um jovem bailarino que começou a dançar em festas. Aos 12 anos, conheceu dois elementos do ballet que o incentivaram a entrar no grupo.

    O som do batuque

    A vontade de ser bailarino e o incentivo da mulher fez de José Ribeiro, 33 anos, um vencedor. Esquecer as dificuldades e ultrapassar barreiras foi sempre a sua palavra de ordem. A prática diária adquirida como percussionista na igreja que frequentava facilitou-lhe o enquadramento no grupo.
    “Ia a passar próximo do local dos ensaios e ouvi um som forte de batuque que me chamou atenção. Entrei e perguntei o que era preciso para fazer parte do grupo e depois de um teste fiquei”, contou.
    Amândio Inocêncio, 27 anos, natural do Uige, está no grupo há oito. É proveniente do núcleo Mkembo Kilandukilu. Veio para Luanda para continuar os estudos. Começou, na terra natal, por dançar no Carnaval. Por falta de organização, alega, deixou de o fazer e abraçou o projecto do Kilandukilo. “Sinto-me feliz em poder fazer parte desta família”, referiu.

    Historial do grupo

    O Ballet Kilandukilu, formado, em 15 de Março de 1984, venceu, naquele ano, o festival provincial para trabalhadores e, em 1985, ficou em segundo lugar e conquistou o Prémio Revelação da União Nacional dos Artistas e Compositores. Em 1999, foi distinguido com o prémio Melhor Ballet Tradicional de Dança e Música Africana na VII gala da Rádio Clube de Leiria, Portugal e, em 1995, ficou em primeiro lugar no 8º Festival Internacional de Dança e Música Folclórica, em Roodepoort, África do Sul.

    Manuel Albano

    Fonte: Jornal de Angola

    Fotografia: DR

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