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    Julgamento de Augusto Tomás é “fogo de vista”

    Um profundo cepticismo continua a existir entre os angolanos sobre o sistema judicial do seu país apesar da recente condenação do antigo ministro dos transportes Augusto Tomás e do próximo julgamento de Filomeno dos Santos.

    Isto ficou claro no programa “Angola Fala Só” em que os ouvintes da Voz da América foram convidados a comentar esses julgamentos e o seu significado como uma possível nova era de independência dos tribunais e da procuradoria geral da república.

    Mas na esmagadora maioria os ouvintes não acreditam nessa possibilidade.

    “Fogo de vista”, “uma distracção”, “lavagem da cara”, foram algumas das expressões usadas pelos ouvintes para descreveram o julgamento e sentença de Augusto Tomás e várias outras pessoas por corrupção.

    O ouvinte Adão dos Santos do Bengo foi um dos raros ouvintes que disse que a justiça “está a dar passos” mas frisou a necessidade de ser “mais célere”, uma preocupação manifestada também por outros ouvintes que se queixaram da lentidão de processos e da burocracia.

    “O julgamento de uma ou duas pessoas não chega para se dizer que mudou a justiça”, disse este ouvinte que tal como muitos outros disse ainda continuarem em liberdade sem qualquer tipo de acusação ou investigação “ pessoas influentes que delapidaram o estado”.

    O ouvinte Bonifácio disse ser inexplicável que aquele que considera ser o responsável máximo pelos actos de corrupção esteja em Liberdade.

    “José Eduardo dos Santos foi quem controlou as actividades do governo, foi quem autorizou”, disse em referência ao antigo presidente.

    “O primeiro a ser preso deveria ser José Eduardo dos Santos”, acrescentou.

    Adão dos Santos e muitos outros ouvintes sublinharam também a necessidade de “mais abertura” do sistema judicial. Um ouvinte sugeriu mesmo a existência de um canal de televisão virado para a cobertura de julgamentos.

    O ouvinte Chanana do Kwanza Norte considerou o julgamento de Augusto Tomás como “uma distracção” .

    “Enquanto o poder judicial depender do executivo não haverá justiça”, disse.

    Este ouvinte fez ainda notar que o combate contra a corrupção e pela justiça está dificultado pelo facto de não haver fiscalização do governo.

    “O parlamento está proibido de fiscalizar o governo”, disse acrescentando que o julgamento do antigo ministro dos transportes teve como objectivo apenas “tentar mostrar ao mundo que Angola não é a mesma”.

    Alguns disseram que a nível das províncias a justiça continua a ser aplicada de forma arbitrária com casos em que criminosos, mesmo assassinos, são libertados pelas autoridades.

    Alguns ouvintes fizeram notar que justiça não envolve só o julgamento de pessoas proeminentes.

    As enormes disparidades de rendimentos em Angola foram consideradas como parte da injustiça que o governo deve corrigir.

    O ouvinte João Matos fez notar que o presidente do supremo tribunal já não deveria ocupar o cargo devido a uma disputa em que um empresário o acusa de ter cometido irregularidades enquanto advogado.

    “João Lourenço deveria dar mais fundos par ao ministério publico e a Procuradoria Geral da Republica”, disse.

    Já o ouvinte Kulanda da Lunda Norte disse em Angola “a justiça não é para todos” afirmando que pessoas que tem posses e “padrinhos” não são condenadas.

    “Os que não têm ninguém não têm advogados, são condenados”, disse.

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