A primeira sessão de julgamento da antiga conservadora dos registos civis da comarca da Huíla, Emília Albertina Cacuhu, que decorreu segunda-feira nesta cidade, ficou marcada por contradições entre a ré e três declarantes ouvidos.
Segundo a Angop, durante a sessão do julgamento de Emília Cacuhu, acusada dos crimes de peculato, burla por defraudação, falsificação de documentos, associação criminosa e corrupção passiva, os três declarantes negaram participação em negócios de mais de 60 milhões de Kwanzas.
Em causa está a hipoteca e posterior venda de duas viaturas, uma de marca Toyota Prado, propriedade do Ministério da Justiça, que lhe havia sido atribuída no exercício da função de conservadora, e uma outra de marca Renault.
É acusada de ter hipotecado os meios ao declarante José Chilala, de quem recebeu 16 milhões de kwanzas, com o compromisso de devolver com juros de 20%, no prazo de 15 dias.
Incapaz de ressarcir os valores no prazo previsto e pressionada, pediu outros empréstimos aos outros dois declarantes, passando a uma dívida acumulada de mais de 60 milhões de kwanzas.
Como declarante, José Chilala confirmou que vendeu as referidas viaturas com a devida autorização da ré, por incumprimento dos prazos estipulados no acordo, tendo estas rendido 16 milhões e 800 mil kwanzas, sendo 14 milhões de kwanzas resultantes da venda da viatura afecta ao Ministério da Justiça e dois milhões e 800 mil da viatura de uma das filhas da antiga conservadora.
José Chilala negou ter recebido dinheiro e proposto o negócio a Emília Albertina Cacuhu, argumentando só a ter conhecido via telefónica, quando esta procurava pelos seus serviços de “cura”, para problemas familiares, conjugais e no serviço.
O declarante admitiu ter solicitado à antiga conservadora o registo de cinco parentes seus que residem no Uíge.
No decorrer do julgamento, com previsão de duas semanas, serão ouvidos outros 12 declarantes e seis testemunhas.