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    João Lourenço corre contra o desemprego em ambiente de descrença nas suas promessas

    VOA | João Marcos

    Com o desemprego a afectar mais de três milhões e 600 mil angolanos em idade activa, um aumento de 8,8 por cento da taxa, o Presidente da República, João Lourenço, aprovou uma série de medidas para inverter esta tendência, quando a descrença nos 500 mil postos de trabalho sobe de tom em determinados círculos da política.

    O sector produtivo da economia, por via do qual o Executivo corre para a promessa eleitoral mediante aposta na gestão de pequenos negócios, está a suscitar críticas, havendo quem aponte para iniciativas sem utilidade.

    O decreto presidencial, tornado público na última semana, indica que o Plano de Acção para Promoção da Empregabilidade (PAPE), delineado para até 2021, absorverá 21 mil milhões de kwanzas (66 milhões de dólares) do Orçamento geral do Estado, prevendo-se que a verba promova a inclusão financeira, fiscal e social dos jovens.

    A dois anos do final do mandato de João Lourenço, o secretário do movimento juvenil da Unita (Jura) na província de Benguela, David Sapalo, considera que um dos principais trunfos eleitorais do MPLA é uma causa perdida.

    “De teoria o povo está farto. São muitas promessas, como a dos 500 mil empregos. Esta promessa falhou, claramente, não é neste mando. Tem faltado vontade política para se fazerem as coisas’’, critica Sapalo.

    Uma das razões, na óptica do empresário Víctor Alves, há mais de 50 anos no mercado produtivo, é que o país perde tempo em situações que não interessam à indústria, um sector que não avança dissociada da agricultura.

    ‘’Discutimos e falamos muito de coisas que não interessam. É necessário fazer a agro-indústria, aí assim teremos sucessos. Você tem aqui em Benguela a Lupral, onde trabalhei 12 anos, paralisada. Servia de motor de desenvolvimento também do país; você tem a fábrica de óleo na Catumbela, mas importamos óleo mesmo com muito girassol. Portanto, falamos muito mas não avançamos para a prática, mesmo com milhares de terras para alimentar África, para não falar da Europa’’, lamenta aquele empresário das bebidas, agricultura e pecuária.

    É neste contexto que a ministra da Indústria, Bernarda Martins, vaticina empregos sustentáveis por via de pólos de desenvolvimento, ainda que admita a existência de um conjunto de dificuldades infra-estruturais.

    ‘’Devem ser espaços ordenados, com serviços públicos e empresas especializadas de apoio à indústria. Devem incentivar cadeias produtivas e gerar emprego qualificado, facilitando as iniciativas de empreendedorismo’’, revela Martins.

    São iniciativas com primazia no plano que pretende fomentar o emprego, anunciado numa altura em que o Instituto Nacional de Estatística (INE) alertava que o desemprego atinge 28,8 por cento da população activa, estimada em 14.735.487 pessoas.

    De acordo com um inquérito sobre despesas, receitas e emprego em Angola, o desemprego cresceu nos dois últimos anos, comparados com 2015 e 2016. Se analisada a população activa, apenas 9.073.321 cidadãos trabalhavam.

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