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    Isaías Samakuva. De herdeiro de Savimbi à ambição de desalojar Eduardo dos Santos do poder

    A falta de carisma que lhe apontam não impediu Isaías Samakuva de herdar o legado histórico e político de Jonas Savimbi, fundador da UNITA, partido à frente do qual disputa pela segunda vez eleições em Angola.

    Nas primeiras eleições que disputou como líder do partido, em 2008, não conseguiu o objetivo mínimo que era aumentar a bancada de 70 lugares que a UNITA dispunha no parlamento.

    Apesar da estrondosa derrota – a UNITA elegeu apenas 16 parlamentares -, conseguiu manter-se à frente do partido com um firme controlo do aparelho partidário, o que lhe permitiu ultrapassar facilmente o mais recente desafio à sua liderança, no congresso de dezembro de 2011, o terceiro desde que em 2003 assumiu a liderança.

    Mas uma coisa é vencer no partido, embora em entrevista à Lusa em agosto de 2008, tenha confessado “não ser fácil” suceder a um homem como Jonas Savimbi, outra coisa é disputar o poder no país com o líder do MPLA, José Eduardo dos Santos.

    Nascido há 66 anos em Kunji, província do Bié, no planalto central de Angola, Isaías Henrique Ngola Samakuva provém de uma linhagem de chefes tribais.

    A entrada formal na UNITA deu-se em 1974 e, um ano mais tarde, foi admitido como funcionário do Ministério do Trabalho, no então Governo de Transição de Angola.

    Daí para cá foi sobretudo um homem de gabinete, encarregado por Savimbi de diversas missões, tendo representado a UNITA na África do Sul, Reino Unido e, posteriormente, delegado na Europa.

    Depois do fracassado acordo de paz assinado em Lisboa (1991) e do Protocolo de Lusaca (1994) foi constituído em Luanda o Governo de Unidade Reconciliação Nacional e Samakuva regressou então a Angola para liderar a delegação do partido na Comissão Conjunta constituída para acompanhar a aplicação do Protocolo de Lusaca.

    Na sequência da morte de Jonas Savimbi, em combate, a 22 de fevereiro de 2002, foi um dos interlocutores de Luanda para discutir o cessar-fogo no âmbito do Protocolo de Lusaca, que resultaria na assinatura a 04 de abril do mesmo ano do Memorando de Paz, que pôs fim à guerra civil.

    No passado dia 19 de junho divulgou em Luanda uma declaração sobre o seu património, bens móveis e imóveis, de que é titular, bem como os proventos que usufrui na qualidade de líder do partido e membro do Conselho da República.

    O gesto, inédito em Angola, foi um desafio não correspondido para que outros líderes partidários dessem igualmente público conhecimento de aspetos da sua vida particular.

    Esta transparência resulta em parte de em 1970 ter sido professor na Missão Evangélica de Camundongo, na província do Moxico, leste do país, e depois ter feito um curso de teologia no Seminário de Dondi, na província de Huambo, centro de Angola, onde se tornou pastor evangélico.

    Quando faltam 11 dias para as eleições gerais em Angola, é entre a resiliência que deu provas para liderar a UNITA e a combatividade que necessita para chegar ao poder que está o espaço que lhe falta preencher para a difícil missão de suceder quebrar os 32 anos de poder de José Eduardo dos Santos.

    FONTE: Lusa

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