O guia supremo do Irão, Ali Khamenei, disse que recusa qualquer diálogo com o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, ao receber o primeiro-ministro do Japão, Shinzo Abe, em Teerão.
A visita de Abe, a primeira de um chefe de Governo japonês desde a revolução islâmica de 1979 e a primeira de um líder de um país do G7 desde que Trump se retirou do acordo nuclear, tem por objetivo contribuir para reduzir a tensão entre Washington e Teerão.
Ela ficou contudo marcada por ataques contra dois petroleiros, um norueguês e um japonês, no mar de Omã, ao largo do Irão, ocorridos hoje, no momento em que Khamenei recebia Abe.
Segundo um comunicado do gabinete do guia supremo, Abe disse que gostaria de enviar uma mensagem de Khamenei a Trump.
“Não considero Trump uma pessoa com quem valha a pena trocar qualquer tipo de mensagem e não tenho nenhuma resposta para ele”, disse Khamenei, que agradeceu no entanto “a boa-vontade” do primeiro-ministro japonês.
De acordo com a Lusa, Khamenei sublinhou que o Irão negociou durante anos para concluir o acordo nuclear de 2015 com seis potências internacionais e que os Estados Unidos se retiraram unilateralmente do pacto em 2018 para voltar a impor sanções a Teerão.
“Que sentido fariam novas negociações com um Estado que descartou tudo o que foi acordado?”, questionou o guia supremo.
“Essa é a nossa experiência e esteja certo de que não a repetiremos […]. Os nossos problemas não se vão resolver com negociações com os Estados Unidos”, afirmou.
Em declarações à imprensa após o encontro, Shinzo Abe disse ter “partilhado, com toda a franqueza”, a sua “opinião sobre o que pensa Donald Trump”, acrescentando considerar que a reunião com Khamenei foi “uma etapa importante” na via para assegurar a paz e a estabilidade na região.
