A 24ª edição do Girabola já fez três jornadas e, até ao momento, não está ainda consolidada a pretensão de se fazer com que as equipas deixem de assegurar as viagens, hospedagens, alimentação e prémios dos árbitros, quando joguem na condição de anfitriões, um assunto que tem levantado muita polémica e desconfiança quando uma formação perde e, por suspeita, atira a culpa ao juiz do desafio.Devido às polémicas suscitadas durante o Girabola de 2011, no final, a direcção da Federação Angolana de Futebol realizou um encontro com os presidente dos 16 clubes intervenientes no Girabola, no Hotel Victoria Garden, onde uma das decisões foi que, a partir do campeonato de 2012, as equipas deixassem de ter participação directa na recepção de equipas de arbitragens no aeroporto, alojamento e pagamento de prémios.
Para tal, antes do pontapé de saída deste Girabola, as equipas deviam depositar na FAF o dinheiro referente a tais despesas para que fosse este órgão a assumir e gerir a questão com os árbitros, mas à entrada da próxima jornada, a quarta, não há dinheiro algum dos clubes na conta bancária do Conselho Central de Árbitros.O vice-presidente da FAF para as relações internacionais e marketing, João Lusivikueno, justificou ontem ao Jornal dos Desportos que tal falta se deve ao facto de alguns clubes estarem a alegar que mudaram de direcções, têm novos corpos gerentes ou presidentes que não assumem agora a concordância dada à federação pelos seus antecessores.
“Se os clubes mais fortes do campeonato, como o Petro de Luanda, 1º de Agosto, Interclube ou Kabuscorp fizessem os depósitos temos a certeza que os outros seguiriam os seus exemplos”, disse o responsável da FAF, acrescentando também que “há outros clubes que alegam dificuldades financeiras”.O responsável adiantou que, não estando em definitivo afastada a pretensão, “temos a certeza de que nesta primeira volta já não é possível concretizar a medida, mas na segunda, a federação, o conselho de árbitros e os clubes têm que a materializar”.
Um alto responsável do Conselho Central de Árbitros, também abordado ontem pelo Jornal dos Desportos, considerou que “a intenção só não se concretizou porque não ratificaram o que discutiram com a FAF o ano passado”.Fui informado também de que os clubes antes do início deste campeonato deviam depositar um valor que perfazia 80 mil dólares, mas não o fizeram”, acrescentou.
A Assembleia Geral vai obrigar os clubes
O vice-presidente da FAF, João Lusivikueno, disse ao Jornal dos Desportos que o organismo reitor do futebol nacional, por si só, não pode impor agora aos clubes que deixem de ter encargos directos com árbitros porque isso depende de uma deliberação da Assembleia Geral.Não pode acontecer como se tudo dependesse de um simples acordo de cavalheiros. Tem de haver uma deliberação ratificada em assembleia dos clubes, que é o órgão soberano da federação, para tornar obrigatória a decisão”, disse.Nesta assembleia devem ser levantadas e discutidas, mais uma vez, os factores que têm levado a ver no Girabola péssimas actuações dos árbitros.
Enquanto tal não acontece, os árbitros que forem indicados pelo Conselho Central de Árbitros para cada jogo fora das suas províncias correm o risco de ficar mais de três dias, quando não foi esta a decisão, no sentido de se evitar desconfianças e despesas avultadas nos cofres dos clubes.
Fonte: Jornal dos Desportos
