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    Fome e aumento alarmante de casos de desnutrição no Bengo

    A desnutrição é preocupante em Angola, com mais de 400 casos registados no Hospital Geral do Bengo. A escassez de comida nas comunidades é apontada como a causa. Para analistas, são necessárias medidas urgentes.

    No decurso do primeiro semestre deste ano, mais de 400 casos de desnutrição foram oficialmente registados no Hospital Geral do Bengo, em Angola. Desses, cerca de 300 resultaram em internamentos.

    A escassez de alimentos nas comunidades locais é apontada como o fator primordial que contribui para esta alarmante situação, de acordo com relatos dos pacientes.

    Elisa Tiago, mãe de quatro filhos, cujo filho mais novo está atualmente a enfrentar problemas de desnutrição, expressou a sua gratidão pelo atendimento médico que tem recebido no hospital. Contudo, lamentou profundamente a falta de alimentos na sua própria residência. “Às vezes, não temos sequer o café da manhã; se tivermos o café da manhã, não haverá almoço”, compartilhou.

    Outra mãe, Maria da Conceição, cujo filho também se encontra internado, delineou a luta diária para sustentar seus quatro filhos, evidenciando a ausência de medidas eficazes para garantir o sustento de sua família. “A pessoa de quem dependo só contribui uma vez por mês, e é muito difícil manter o consumo em casa”, contou.

    Para conseguirem alimentação, Maria revela um doloroso ciclo: “Quando sai do trabalho, como tem moto vai dar uma volta, se conseguir um quinhentos kwanzas [aproximadamente 0,56 euros], o que chegar é o que vamos comer”.

    Têm apenas uma refeição por dia e quando conseguem: “Passamos o dia assim, se conseguirmos o quinhentos vamos jantar e se almoçamos, já não há jantar.”

    Mais recursos

    Apesar do hospital receber apoios para lidar com os casos de desnutrição, a procura supera os recursos disponíveis. Luzia Baptista, técnica de serviço, apelou por mais recursos para satisfazer as necessidades dos pacientes da província. “Precisamos de mais recursos para atender às necessidades dos doentes em nossa região”, enfatizou.

    Em entrevista à DW, o analista Amílcar de Armando sublinha a urgência de investir na agricultura como uma medida para enfrentar esse problema.

    “O milho é uma cultura de três meses. Nesse período, poderíamos cultivar milho para sustentar essas famílias. Temos terras aráveis disponíveis; é necessário distribuir terras e apoiar os jovens”, argumenta.

    Mensalmente, as administrações municipais recebem cerca de 25 milhões de kwanzas para um programa de combate à fome e à pobreza. Domingos João Lourenço, administrador do município de Nambuangongo, afirma que as ações em curso estão a surtir efeito.

    E ressalta a aquisição de insumos agrícolas como uma prioridade para superar a fome entre as famílias. “Estamos também a adquirir instrumentos agrícolas, como catanas, enxadas, limas e machados. Além disso, estamos a fornecer três kits de galinheiros, que já incluem medicamentos e aves”, informou.

    Diante da gravidade da situação, as autoridades locais comprometem-se a intensificar seus esforços no combate à fome e à pobreza, buscando soluções sustentáveis para melhorar as condições de vida das famílias afetadas pela desnutrição.

    Por António Ambrosio

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    FonteDW

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