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    Extrema-direita vencedora em França

    RFI | Lígia ANJOS

    O partido vencedor das eleições europeias foi a União Nacional, de extrema-direita. O partido presidencial ficou em segundo lugar e a surpresa veio dos ecologistas, que obtêm a terceira posição.

    Uma das maiores surpresas destas eleições europeias foi o aumento da participação. Mais de metade dos eleitores inscritos (50,7%) deslocaram-se às urnas, representando 8,3 pontos a mais do que em 2014.

    A participação eleitoral aumentou depois de seis meses com fortes tensões sociais e da exacerbação do debate político.

    União Nacional alcança o objectivo

    Emmanuel Macron tornou este escrutínio um duelo entre progressistas e nacionalista, Marine Le Pen transformou-o num “referendo anti-Macron”.

    O partido de extrema-direita obteve 23,4% dos votos, a lista encabeçada por Jordan Bardella oferece à dirigente da União nacional uma desforra ao chefe de Estado depois de ter perdido as presidenciais de 2017, e permite a Marine Le Pen que se afirme como principal oposição.

    “Os franceses infligiram uma lição de humildade ao Presidente da República”, declarou Jordan Bardella perante militantes.

    Tal como em 2014, o partido de extrema-direita torna-se a primeira força política francesa no Parlamento europeu, onde deverá conquistar entre 23 a 25 deputados.

    A líder da União Nacional festejou a vitória do partido da extrema-direita. Marine Le Pen pediu ao Presidente francês a dissolução da Assembleia Nacional.

    Aposta perdida de Emmanuel Macron

    A lista do chefe de Estado foi ultrapassada por 0,9 pontos pela extrema-direita. Encabeçada pela ex-ministra Nathalie Loiseau, a lista Renascença conquistou 22,4% dos votos. Uma derrota para o Presidente na cena nacional e internacional.

    Em França, o segundo acto do quinquénio começa sem o impulso que este escrutínio poderia ter conferido a Emmanuel Macron. No plano internacional, o Presidente francês perde um pouco da sua “aura”, nomeadamente a nível europeu onde deixará de se apresentar como um alicerce contra a extrema-direita.

    No domingo à noite, a lista presidencial minimizou a derrota ao falar de “resultados honráveis”, recusando falar de “voto-sanção”. O objectivo “intensificar o segundo acto do quinquénio” e “prosseguir com a aplicação de reformas”, afirmou o primeiro-ministro francês. Uma estratégia para virar a página das europeias.

    Edouard Philippe, alega que estes resultados são, grosso modo, idênticos ao das presidenciais de Abril de 2017.

    Os Verdes em força

    Com perto de 13,2% dos votos, Europa Ecologia-Os Verdes (EELV) criou uma surpresa. Encabeçado por Yannick Jadot, o EELV torna-se o primeiro partido de esquerda em França, conduzido pela actual mobilização quanto aos problemas ambientais.

    Yannick Jadot cria uma abertura para a recomposição política com vista às eleições municipais do próximo ano. Os ecologias tornam-se uma peça incontornável para formar futuras alianças.

    O cabeça de lista do partido Europa Ecologia-Os Verdes saudou uma “vaga verde” europeia. Perante a ascensão da extrema-direita, Yannick Jadot defende que, no futuro, o mais importante é construir uma alternativa ao modelo de crescimento existente na Europa.

    Derrota histórica d’Os Republicanos

    As últimas sondagens apontavam um resultado de 11% a 14%. Os Republicanos sonharam ser “a primeira alternativa credível” a Emmanuel Macron. A lista encabeçada por François-Xavier Bellamy alcançou 8,2% dos votos, em quatro lugar depois da União Nacional, a lista Renascença e Os Verdes. Uma humilhação depois da contra-performance de François Fillon que não conseguiu chegar à segunda volta da presidencial há dois anos.

    “A direita atravessa uma crise profunda, temos de reconstruir tudo”, reagiu François-Xavier Bellamy ao anúncio dos primeiros resultados. Laurent Wauquiez deu-se agora “três anos” para construir “uma nova via”. A linha adoptada pelo líder d’Os Republicanos, que optou por um perfil “conservador” para dirigir a lista, suscitou críticas dos tenores do partido. “A nossa estratégia não foi boa”, estimou a antiga ministra Rachida Dati. “É uma derrota”, denunciou o presidente do Senado,Gérard Larcher.

    Derrota das esquerdas, a decepção da França Insubmissa

    Entre os outros pontos a reter neste escrutínio europeu em França, é a derrota das esquerdas “clássicas”. A lista do Partido Socialista de Raphaël Glucksmann consegue 6,4%. Desde 1979, nunca o PS tinha registado um resultado tão baixo. Em 2014, os socialistas somam 14% dos votos.

    A contra-performance da lista A França Insubmissa somou 6,4%. O partido de Jean-Luc Mélenchon envia seis eurodeputados para Estrasburgo, mesmo se a lista de extrema esquerda conduzida por Manon Aubry reconheceu resultados “desanimadores”.

    Abaixo dos 5%, ficou o ex-socialista Benoît Hamon e o seu movimento Geração S (3,3%), o soberanista Nicolas Dupont-Aignan (3,5%), o centrista Jean-Christophe Lagarde (2,6%) e o comunista Ian Brossat (2,4%). Nenhum destes partidos consegue um lugar no Parlamento europeu.

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