Expresso
Em Dezembro de 2002, José Viamonte Sousa negociou, em representação do BPN, a aquisição de 41 obras de Juan Miró
José Viamonte de Sousa, antigo-director-geral do departamento de private banking do BPN, está a ser acusado de burla pelo Ministério Público. Em 2003, o BPN adquiriu 41 quadros do pintor Joan Miró por 17 milhões de euros, mas os proprietários das pinturas apenas receberam 5,1 milhões de euros, avança o “Público” esta quinta-feira.
De acordo com o despacho de acusação do MP, datado de 24 de maio, os 12 milhões de euros em falta foram distribuídos como comissões por várias pessoas. Só um intermediário espanhol terá recebido, a título de comissões, mais de 5,5 milhões de euros. Agostinho Cordeiro, negociante de arte conhecido no país, é acusado no mesmo processo de branqueamento de capitais.
Ora, em dezembro de 2002, José Viamonte Sousa negociou, em representação do BPN, a aquisição de 41 obras de Juan Miró com dois intermediários espanhóis, Julian Cierva la Calle e José Enrique Navarro Nuno de La Rosa, ambos sócios da empresa Meridonal.
Cierva la Calle, através da empresa Negotrade, foi o responsável por intermediar as negociações entre os proprietários da colecção, de origem japonesa, e o BPN.
Segundo o MP, o preço acordado foi de 17 milhões de euros e para fazer o pagamento seria usada uma empresa offshore, a Zevin-Holdings, que por sua vez era detida pela Marazion Holdings, uma empresa detida pelo BPN. Todavia, no final, a venda foi facturada directamente ao BPN e não à empresa que iria transferir o dinheiro.
Na base desta investigação estão as contas da Negotrade. Foi asism que o MP conseguiu apurar como parte do dinheiro foi distribuído. Mais de dois milhões de euros foram transferidos para uma conta do Millenium BCP Bank &Trust, com sede nas ilhas Caimão, titulada pela Index Sl, cujos os beneficiários finais não foi possível apurar.