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    Europa está disposta a punir Rússia, apesar de consequências económicas

    O presidente da França, François Hollande (POOL/AFP, PHILIPPE WOJAZER)
    O presidente da França, François Hollande (POOL/AFP, PHILIPPE WOJAZER)

    A União Europeia está disposta a adoptar sanções contra a Rússia, após a incorporação da Crimeia, apesar das possíveis consequências da suspensão de importantes contratos sobre sua economia, constataram nesta terça-feira especialistas.

    O presidente francês, François Hollande, reagiu a essa incorporação da Crimeia à Rússia pedindo “uma resposta europeia forte e coordenada” na próxima cúpula dos dias 20 e 21 de Março.

    Já o chefe da diplomacia britânica, William Hague, anunciou que seu país estava suspendendo “toda colaboração militar com a Rússia.

    Seu colega francês, Laurent Fabius, disse que está avaliando a possibilidade de anular a venda de dois navios militares Mistral à Rússia.

    A Câmara de Comércio franco-russo expressou na semana passada sua extrema preocupação e os “sectores empresariais e sindicais alemães são claramente contra as sanções” à Rússia, afirma François Heisbourg, da Fundação para a Pesquisa Estratégica (FRS), com sede em Paris.

    Mas “os russos são mais vulneráveis do que os europeus diante das sanções: a Rússia representa pouco mais de 1% do comércio exterior da União Europeia, mas esta significa 50% do comércio externo da Rússia”, afirma Heisbourg à AFP.

    E, embora a UE ainda importe cerca de 30% de seu gás da Rússia, “pelo menos a curto prazo saímos de um inverno muito suave, e as reservas estão cheias”, explica.

    “Vamos (os europeus) sofrer, mas a Rússia sofrerá mais no plano económico”, explica Dominique Moisi, do Instituto francês de Relações Internacionais (IFRI).

    A Alemanha, terceiro sócio comercial da Rússia e primeiro na Europa – com 6.000 empresas em território russo e 300.000 empregos alemães que dependem das relações com Moscovo – é o país “que mais tem a perder”, segundo Stefan Meister, especialista do Conselho Europeu de Relações Exteriores, um grupo de reflexão.

    No entanto, a chanceler alemã, Angela Merkel, parece ter aceitado que as sanções contra a Rússia agora são inevitáveis.

    “Devemos exigir que o direito internacional seja respeitado e não podemos ficar sem fazer nada quando é violado”, declarou Merkel na sexta-feira diante dos sindicatos em Munique.

    – Putin ‘superestima suas forças’ –

    Para François Heisbourg, “a forma como a chanceler passou na semana passada do tradicional discurso alemão, muito próximo dos interesses dos russos, a um menos contemplativo, demonstra que não há divergências” entre os europeus diante da situação na Crimeia.

    A UE e os Estados Unidos já puniram na segunda-feira funcionários de alto escalão russos e ucranianos, e devem adoptar em breve medidas mais severas.

    Nesta terça, logo após a “anexação” da Crimeia por Moscovo, os Estados Unidos anunciaram que vão impor novas sanções contra a Rússia.

    “Condenamos a decisão da Rússia de anexar oficialmente” a Crimeia, declarou o porta-voz da Casa Branca, Jay Carney.

    Carney disse que Obama e a chanceler alemã, Angela Merkel, discutiam por telefone os novos passos a serem seguidos a respeito da Crimeia e como apoiar a Ucrânia.

    “Os europeus aprenderam com a crise iraniana como implementar de forma eficaz sanções económicas e financeiras”, destaca François Heisbourg.

    Vladimir Putin “se equivoca quando superestima suas forças”, analisa Dominique Moisi. Para o especialista, “vão ocorrer divisões no seio do poder russo: vê-se claramente que o sector económico, a bolsa de Moscovo, está nervoso diante deste crescente isolamento da Rússia”.

    Isso acontece sobretudo porque, diante da ameaça russa, “há uma aproximação entre Estados Unidos e Europa no âmbito das sanções económicas”, explica Heisbourg.

    Após a integração da Crimeia à Rússia, “o congresso americano aplicará sanções que vão muito longe, inclusive contra terceiros países que seguirem trabalhando com a Rússia”, adverte. “Os europeus serão obrigados a reagir”, conclui. (afp.com)

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