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    Estudo aponta que 30% dos universitários mostram-se insatisfeitos

    A insatisfação dos estudantes está relacionada com as políticas das instituições, a grelha e metodologia de ensino, os equipamentos e estruturas, a relação com os docentes e as condições de avaliação e validação

    O estudo sobre a implicação do sector privado no ensino superior e na investigação científica foi apresentado, ontem, numa das unidades hoteleiras de Luanda, pelo presidente da instituição francesa CREDIJ, Alain Kikosowski, depois de 6 meses de trabalho.

    O estudo tem em anexo um inquérito de 25 perguntas, feito a 240 estudantes das universidades UPRA, Jean Piaget e Lusíada, e dos institutos superiores ISTA e ISIA, onde 30% destes se mostraram totalmente insatisfeitos. Foram apresentados 6 tópicos de preocupações dos estudantes inquiridos, como a taxa de propina, onde para além do alto valor da propina, está a insatisfação por terem de pagar para fazer os exames e o recurso, facto que para eles constitui “um problema sério”.

    As outras cinco preocupações são os estágios, a relação com os docentes, equipamentos e recursos, estruturas adaptadas e bem-estar dos estudantes. “Alguns meios são muito caros para alguns cursos, como, por exemplo, Medicina, e os alunos são obrigados a desistir”.

    Quanto às condições de avaliação e validação, falam do prazo de entrega das declarações e diplomas que podem levar 9 meses a um ano, o que dificulta para o estágio. Na relação com os docentes, o número elevado de estudantes não permite um acompanhamento individual, entre outros aspectos”, disse Alain Kikosowski, enquanto explicava o estudo.

    O estudo aponta ainda 37% de estudantes pouco insatisfeitos, 19% pouco satisfeitos e apenas 13% totalmente satisfeitos com os seis tópicos apresentados. Boa parte dos estudantes são menos críticos relativamente aos equipamentos que as universidades dispõem, mas mostram insatisfação na compreensão da finalidade da formação, métodos de avaliação, qualidade da educação e equipamento.

    Foi possível constatar um défice de formação pedagógica dos professores, que não têm tempo de estabelecer uma relação de qualidade com os estudantes, e que tem causado os problemas ora citados.

    Estudo financiado pelo BAD

    De acordo com o representante do Banco Africano de Desenvolvimento (BDA), Septime Martin, melhorar a qualidade da formação dos quadros do sector do ensino superior é o objectivo do estudo financiado pela sua instituição.

    Em função das recomendações, o referido banco vai identificar o que é prioritário e ver as possibilidades de financiamento. Reconhece a problemática da discrepância na formação e a necessidade de mercado, pelo que o estudo mostrou que há muitos jovens que são formados pela universidade e depois enfrentam muitas dificuldades para encontrar emprego.

    Por outro lado, “o custo elevado da formação em Angola também é um problema, e é importante ver como o governo pode, através das universidades, melhorar a eficiência na formação e reduzir os custos de formação”, reforça. Septime disse ainda que “quando os custos são elevados, devem ir de encontro à qualidade, o que não é o caso de Angola”. É importante ainda criar comissões para que se façam supervisões das formações, defendeu. “O número de graduados, nos últimos 10 anos, aumentou 10 vezes, mas o grande desafio tem sido o custo elevado, a qualidade de ensino e o seu carácter inclusivo”, refere.

    O BDA doou 600 mil dólares para este estudo que analisou a implicação do sector privado no ensino superior e na investigação científica, os custos e o financiamento deste mesmo ensino, como parte do mandato de promoção de conhecimento a nível do continente africano.

    “Ensino superior não tem de ser barato”

    José Semedo, presidente da Associação das Instituições de Ensino Superior Privado, defende que o ensino passe a ser mais acessível para os estudantes, de formas a que aqueles que têm menos posses não deixem de ver materializado o seu direito a formação, mas isto tem de ser objecto de uma parceria estratégica entre as instituições privadas, Estado, as famílias e as empresas.

    É de opinião que o ensino superior “não tem de ser barato”. “Temos de, juntos, analisarmos as melhores formas para que o ensino superior, sem perder a qualidade, seja acessível aos cidadãos angolanos. Se adoptarmos uma parceira como forma de aliviarmos o peso económico que interfere no ensino superior, como a questão dos terrenos, por exemplo, os impostos, importação dos equipamento, dos livros, etc., tornaria o ensino mais acessível”.

    Tanto José Semedo quanto a secretária de Estado do Ensino Superior para a Inovação, Maria Augusta Martins, reconheceram que ainda temos muitas dificuldades no que diz respeito à investigação científica, pelo que, esta última, aponta que há necessidade de equipamentos, laboratórios e oficinas adequadas, e o nosso país ainda não está em condições de ter as instituições equipadas com este material.

    Está a ser elaborado um diploma legal, de acordo com a secretária de Estado, que vai estabelecer os requisitos para que as instituições superiores possam ter os requisitos e padrões de qualidade exigidos, bem como a regulamentação sobre as normas gerais curriculares e pedagógicas. Também está a ser trabalhado, segundo a governante, em instrumentos de creditação dos cursos superiores. (O País)

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