O médico e professor universitário Mário Frestas considera que a escassez de informação relevante, actual e fiável condiciona a tomada de decisão na luta contra a pandemia da Covid-19.
Falando durante uma palestra, em videoconferência, com o tema “Novas revelações sobre o comportamento do Coronavírus”, organizada pelo Comité de Acção do MPLA, na Urbanização Lar do Patriota, Mário Frestas disse que é preciso decidir bem e no momento certo, envolvendo as instituições e as populações, mediante uma boa estratégia comunicacional e de marketing social, equilibrando as variáveis e interesses conflituantes, com base em evidência científica relevante e actualizada, monitorização biológica, sanitária e socioeconómica, e guiados por uma visão estratégica.
Mais do que muitos dados, o professor universitário defende que é necessário valorizar a informação, o novo conhecimento, a actuação, os resultados e impacto nas pessoas. Mário Frestas defendeu ainda que é urgente fugir da “Infodemia”, ou seja, do excesso de informação casual ou intencionalmente falsa e de baixa qualidade.
“A Covid-19 pode confundir-se ou coexistir com outras doenças e pode ter apresentação atípica”, alertou, acrescentando que a pandemia caracteriza-se por febre, tosse (habitualmente seca) e dificuldade respiratória (cansaço/falta de ar).
A Covid-19, disse, também pode confundir-se com malária, febre tifóide, infecção urinária, dengue e outras arboviroses, resfriado (constipação), gripe (influenza), pneumonia bacteriana, tuberculose pulmonar, cancro do pulmão, crise de asma brônquica, e outros.
“Alternativamente, pode apresentar-se como crise hipertensiva, edema agudo de pulmão, acidente vascular cerebral, diarreia, morte súbita e outros. Para diagnosticar é preciso pensar nessa possibilidade e, quando indicado testar”, aconselhou.
Mário Frestas salientou que é, cada vez mais, fundamental identificar e gerir os casos de Covid-19, mas também diagnosticar e tratar os doentes “não-Covid”, pelo que a testagem é indispensável (testes virais e de anticorpos).
Mário Frestas, que já foi reitor da Universidade Agostinho Neto, referiu que as medidas de protecção individual e colectiva (confinamento, distanciamento físico, lavagem das mãos e uso de máscara, entre outras) são bem conhecidas, mas frequentemente desleixadas (nomeadamente no ambiente e convívios familiares ou restritos).
Face à situação, defendeu maior sinergia entre profissionais de Saúde, administrações municipais, escolas, empresas, forças políticas e toda a sociedade civil, com destaque para as igrejas e associações.
O investigador identificou e hierarquizou treze desafios prioritários (cada um com a sua fundamentação e medidas correctoras) em que se evidencia a protecção diferenciada dos médicos, enfermeiros e trabalhadores de saúde, o reforço do Serviço Nacional de Saúde, incluindo referência e testagem, o investimento especial na saúde pública e na medicina geral e familiar, o fortalecimento das telecomunicações e das TICs.
Outros dos desafios apontados são o estabelecimento de protocolos nos serviços de saúde e nas demais organizações, a implementação de apoios e financiamentos a pessoas e grupos carentes e a empresas em risco, o acesso universal a tratamento específico, a criação, aprovação, produção e acesso universal à vacina eficaz e segura e a cooperação e solidariedade global.
A palestra, realizada no âmbito das comemorações do 45º ano da Independência Nacional, envolveu um animado debate marcado por diversas intervenções de militantes activos do MPLA.