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    Em carta, Repórteres Sem Fronteiras cobram Dilma por assassinatos de jornalistas

    Jornalistas em meio ao fogo cruzado durante operação policial na Vila Cruzeiro, Rio de Janeiro, em outubro de 2009 (Ricardo Moraes / Reuters)
    Jornalistas em meio ao fogo cruzado durante operação policial na Vila Cruzeiro, Rio de Janeiro, em outubro de 2009
    (Ricardo Moraes / Reuters)

    A ONG Repórteres sem Fronteiras (RSF) encaminhou nesta segunda-feira (1) uma carta aberta à presidenta Dilma Rousseff, exigindo que o governo brasileiro se comprometa a tomar medidas concretas e eficazes para combater a violência contra os jornalistas. O Brasil é o terceiro país mais perigoso das Américas para o exercício da profissão de jornalista, atrás de México e Honduras. Na última semana, dois repórteres foram torturados e mortos no país – um deles, decapitado.

    A carta, assinada pelo secretário geral da organização, Christophe Deloire, lembra que 38 jornalistas foram assassinados no Brasil entre 2000 e 2014 e que quase todos eles investigavam assuntos sensíveis, “como o crime organizado, violações de direitos humanos, corrupção ou tráfico de matérias primas”. Ainda que os temas sejam por si só perigosos, a RSF considera que a impunidade incentiva a violência.

    Estado violento

    Muitas vezes, as agressões partem do próprio Estado – uma situação que, de acordo com a ONG, se agravou depois das jornadas de junho de 2013. “Entre junho de 2013 e julho de 2014, uma forte repressão policial recaiu sobre os jornalistas brasileiros e estrangeiros que documentavam as manifestações contra o aumento das tarifas de transportes em São Paulo, contra os gastos para a Copa do Mundo e os Jogos Olímpicos. Insultos, ameaças, prisões e detenções arbitrárias, agressões e revistas se multiplicaram.” Apenas durante a Copa, foram registrados 38 ataques contra repórteres profissionais ou amadores, de acordo com números da Associação Brasileira de Jornalismo Investigativo (Abraji).

    A carta lembra ainda que, depois da morte do cinegrafista Santiago Andrade, da TV Bandeirantes, a Secretaria dos Direitos Humanos apresentou um relatório sobre a violência contra profissionais da mídia que, entre outras coisas, recomendava a federalização das investigações e a criação de um Observatório da Violência contra Jornalistas, em parceria com a Unesco. “Passou-se um ano e o relatório é letra morta”, lamenta Deloire, lembrando que “em 20 de maio de 2015, a Comissão de Segurança Pública e Combate contra o Crime Organizado na Câmara rejeitou um texto que apontava para a federalização.”

    Para os Repórteres Sem Fronteiras, “diante do grau de violência contra os jornalistas, a aplicação das recomendações feitas pelo grupo de trabalho da Secretaria dos Direitos Humanos é, mais do que nunca, necessária e urgente”.

    Tortura e decapitação

    A gota d’água que fez a ONG se endereçar diretamente à presidência da república foram os assinatos de três repórteres investigativos neste ano. No espaço de apenas uma semana, morreram de forma brutal Djalma Santos da Conceição, radialista da RCA FM (Conceição da Feira, Bahia) e o blogueiro Evany José Metzker. O primeiro trabalhava sobre o assassinato de uma adolescente por traficantes. Seu corpo, encontrado em 22 de maio, apresentava sinais de tortura.

    Metzker, que investigava há vários meses a ligação entre o tráfico de drogas e a prostituição infantil, desapareceu no dia 13 de maio, dia de sua última postagem no blog Coruja do Vale. Cinco dias depois, seu corpo decapitado foi encontrado em Padre Paraíso, no nordeste do estado de Minas Gerais.

    O outro repórter assassinado foi o paraguaio Gerardo Servian Coronel, da Radio Ciudad Nueva. Ele era crítico de políticos da fronteira entre Brasil e Paraguai e denunciava ligações deles com o crime organizado. Dois homens de moto o abateram a tiros em Ponta Porã, no dia seguinte à prisão do ex-prefeito da cidade fronteiriça de Ypehu, Wilmar “Neneco” Acosta, acusado de ser o mandante do assassinato de dois jornalistas do diário paraguaio ABC Color. (rfi.fr)

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