O bispo de Luena, Jesus Tirso Blanco, morreu esta terça-feira em Verona, Itália, aos 64 anos, vítima de doença prolongada, anunciou o vigário-geral da Diocese de Luena, Padre Domingos Kussumua no Moxico.
O padre Tirso Blanco, nascido em Buenos Aires, Argentina, foi nomeado bispo de Luena a 26 de Novembro de 2007, segundo uma nota divulgada na altura pela Agência Ecclésia.
Sendo uma das poucas vozes não-governamentais da província do Moxico com amplitude nacional, Tirso Blanco defendeu em Abril de 2020, em entrevista ao Jornal de Angola, que o analfabetismo, a saúde precária, as más estradas e o fraco desenvolvimento económico eram inimigos dos angolanos e que a melhoria das vias e dos transportes deveria ser uma prioridade.
O bispo denunciou também na altura, e através das redes sociais, as más práticas associadas à produção e exploração de madeira na região, com a complacência das autoridades tradicionais, sem quaisquer benefícios para a população local.
Sobre o tema da reconciliação nacional, Tirso Blanco disse ser necessário “um projeto de país onde o `outro` tenha espaço” e sublinhou que era preciso “ter abertura mental e espiritual”.
O padre era também favorável à implementação das autarquias, “uma mudança necessária porque os investimentos locais têm de ser pensados localmente” e crítico das limitações à comunicação social, pedindo “mais coragem para noticiar, mostrar e também sugerir os caminhos para a solução dos problemas”.
Em 2021, em entrevista à rádio Ecclésia, emissora católica de Angola, o bispo defendia que a paz, conquistada em 2002 com o calar das armas, deveria ser consolidada com ações concretas que promovessem o bem-estar social das populações.
Tirso Blanco estudou Filosofia e Teologia na casa de formação dos salesianos em Buenos Aires e era licenciado em Missiologia e Comunicação Social.
O padre argentino e, que posteriormente tornou-se bispo, encontrava-se em Angola desde a sua ordenação sacerdotal a 28 de Setembro de 1985.