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    Dilma, em meio à ameaça de impeachment, recebe críticas de Temer

    A presidente Dilma Rousseff se viu isolada nesta terça-feira após seu vice-presidente e líder do maior partido da coalizão de governo sinalizar seu descontentamento em meio ao tumultuado processo de impeachment.

    Michel Temer, líder do PMDB, enviou uma carta pessoal a Dilma, queixando-se de ter sido tratado como “um vice-presidente decorativo” e que a presidente nunca confiou nele, de acordo com o texto divulgado pela imprensa.

    A carta não foi comentada pela presidente, mas teve o impacto de uma bomba. Agora, o governo e o Partido dos Trabalhadores (PT) de Dilma devem refazer as contas, quando acreditavam ter os votos suficientes para salvar o mandato.

    Temer, um advogado constitucional de 75 anos e que seria o sucessor de Dilma em caso de afastamento do cargo, também lançou um argumento que perturba a presidente: que o processo de impeachment promovido por três advogados tem sustentação legal.

    A presidente assegura que o impeachment – acusando-o de má gestão das finanças públicas – é improcedente e alega ser vítima de “um golpe” após 11 meses de seu segundo mandato, depois de ter sido eleita com 54 milhões de votos.

    Dilma afirmou repetidamente nos últimos dias que confiava no apoio de Temer.

    Em sua carta, Temer, entretanto, queixa-se do “menosprezo” para com ele e o PMDB. “Sempre tive ciência da absoluta desconfiança da senhora e do seu entorno em relação a mim e ao PMDB. Desconfiança incompatível com o que fizemos para manter o apoio pessoal e partidário ao seu governo”.

    O deputado Silvio Costa, aliado do governo, disse que a carta era “inoportuna”, enquanto o deputado Lucio Vieira Lima, do PMDB de Temer, disse à AFP que “o vice-presidente estava muito irritado com uma série de movimentos do governo, querendo apontá-lo como lobista, conspirador, e a carta coloca tudo em seu lugar”.

    A carta não demorou a atrair as atenções dos analistas de mercado, num momento em que o Brasil enfrenta sua pior recessão em décadas e que o longo processo de impeachment pode paralisar o país e agravar a situação econômica.

    Guilherme Pereira Andre Perfeito, economista-chefe da Gradual Investimentos em São Paulo, adverte para “um clima de guerra aberta” entre Dilma e o vice-presidente, o que vai atrasar o desfecho da crise.

    Nesta terça-feira está previsto o início do processo com a instalação de uma comissão especial de 65 deputados que deverá decidir sobre as acusações contra Dilma e, em seguida, propor ao plenário para que o rejeite ou deixe seguir adiante.

    A integração da comissão de impeachment coincide com a reunião do conselho de ética da Câmara, que decidirá se investigará o presidente da Câmara de Deputados, Eduardo Cunha, por ocultar contas na Suíças supostamente ligadas à corrupção na companhia petrolífera estatal Petrobras.

    Horas antes da divulgação da carta de Temer, Dilma pediu ao Congresso para suspender o recesso de verão – de 23 de dezembro a fevereiro – e que os legisladores retornem ao trabalho após as férias de fim de ano.

    O governo quer resolver o problema o mais rápido possível para não atrasar a aprovação do ajuste fiscal.

    O processo é longo e complexo e pode dominar por vários meses a agenda política. (AFP)

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