Uma pausa para um cigarro fez a diferença entre a vida e a morte de Makolo Doss, que se afastou de um funeral para fumar no momento em que uma massa de terra vermelha deslizou repentinamente sobre o local.
Quinze outros participantes do evento, na capital camaronesa Laundê no domingo, não tiveram tanta sorte, mortos pelo deslizamento de terra enquanto celebravam a vida de um grupo de entes queridos falecidos com tambores, danças e cervejas.
“Eu me salvei da morte por apenas um segundo”, disse Doss na segunda-feira, ainda assustado.
A celebração acontecia em um campo de futebol cercado por um barranco de terra íngreme. Doss disse que estava se afastando dos outros convidados para evitar fumar perto deles, quando ouviu parte do barranco deslizar repentinamente.
“Eu imediatamente me virei e olhei para onde estava sentado, mas não consegui ver os participantes nem as cadeiras. Eles estavam cobertos pela terra”, disse ele.
Para Fotso Claude Michel, um aviso veio quando uma pedra caiu de cima e o atingiu na cabeça. Olhando para cima, ele viu a terra deslizando em sua direção.
“Eu pulei de onde estava sentado, mas caí no chão. Levantei-me novamente, mas caí pela segunda vez”, disse ele.
Parcialmente enterrado, Michel estava entre os sobreviventes que foram desenterrados por membros da comunidade que vieram correndo para resgatá-lo com pás –mas ele perdeu sua mãe, irmão e melhor amigo na tragédia.
“Estou com o coração partido”, disse ele.
Laundê é uma das cidades mais chuvosas da África, embora não tenha chovido lá no domingo. Camarões foi atingido por graves inundações em várias regiões este ano, assim como sua vizinha Nigéria.
Até agora, as autoridades não deram nenhuma informação sobre o que causou o desastre de Laundê. Um número de mortos de 14 foi inicialmente anunciado, mas subiu para 15 nesta segunda-feira, com quatro feridos, de acordo com Naseri Paul Bea, governador da região.
Esse foi considerado o deslizamento de terra mais mortal em Camarões desde aquele que matou pelo menos 42 pessoas na cidade de Bafoussam, na região oeste, em 2019.
REUTERS
Por Amindeh Blaise Atabong
