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    Delfim Neves denuncia “caça às bruxas” em São Tomé

    Delfim Neves teme pela própria vida e diz pairar em São Tomé uma sensação de “caça às bruxas”. Em entrevista à DW, o ex-presidente do Parlamento são-tomense recusa ser um dos financiadores do 25 de novembro.

    Delfim Neves nega estar envolvido na invasão ao quartel das Forças Armadas perpetrada por quatro civis, ocorrida na madrugada de 25 de novembro de 2022, em São Tomé. Na sequência do ataque, o ex-presidente da Assembleia Nacional esteve detido dez horas no quartel-general e cerca de três dias e meio na Polícia Judiciária.

    O ex-candidado às presidenciais de 2021, que não foi formalmente interrogado no âmbito das investigações em curso, confirma que não sabia o que estava a acontecer naquela madrugada e nega ser um dos financiadores da alegada intentona que terminou em várias mortes.

    “O que está mais visível é que o poder, na perspetiva de impedir ou tentar coartar a possibilidade de haver uma oposição forte, decidiu orquestrar esse dito golpe de Estado para prender ou matar alguns opositores mais diretos”, denuncia.

    “Se o Arlécio [Costa] é que havia dito que eu iria financiar e que Arlécio era o mandante, tendo sido detido e preso, não há dúvida que a melhor forma de provar isto tudo era mantê-lo vivo. Ora, matando o Arlécio, eu não sei como é que vão tirar isto a limpo”, comentou.

    “Todos os ditos assaltantes ao quartel, inclusive os seus familiares mais próximos, são militantes da Ação Democrática Independente (ADI). Então, como é que eu, de um partido oposto à ADI, havia de financiar uma operação com militantes de outro partido?”, questiona.

    Receio pela vida

    O político são-tomense, que deve regressar ao país nas próximas semanas após tratamento em Portugal, receia pela sua vida por considerar que existe uma espécie de “caça às bruxas” no país. “Há sinais claros”, frisou.

    Delfim Neves acusa a falta de isenção e o silêncio do Presidente Carlos Vila Nova neste processo e, por outro lado, põe em causa a investigação oficial em curso, com o apoio de agentes da Polícia Judiciária portuguesa.

    “Eu acho que essa investigação está viciada”, salienta. “À partida, o próprio primeiro-ministro [Patrice Trovoada] está a transmitir uma mensagem de que ele está comprometido, está a imiscuir-se nas investigações”, opina.

    Ana Gomes critica silêncio

    A ex-eurodeputada Ana Gomes considera “de uma gravidade total” o que aconteceu a 25 de novembro naquele país africano e critica a postura de silêncio prolongado das autoridades portuguesas.

    “Perturba-me muito que o Governo português não tenha tido uma única palavra crítica em relação à violência e às grosseiras violações dos direitos humanos que ocorreram de forma inédita em São Tomé e Príncipe”, considera.

    Ana Gomes é da opinião que se deveria constituir uma investigação internacional independente como propôs as Nações Unidas, uma vez que, segundo a antiga eurodeputada, existe “a possibilidade de encobrimento” dos factos.

    Este sábado (04.02), cerca de 25 são-tomenses manifestaran-se em Lisboa numa marcha pela justiça entre o Mosteiro dos Jerónimos e o Palácio de Belém, onde fizeram a entrega de uma carta ao Presidente português, Marcelo Rebelo de Sousa, a exigir um posicionamento claro sobre a situação em São Tomé e Príncipe.

    Empunhando uma faixa com a frase “Massacre de 25 de novembro 2022” e imagens dos quatro suspeitos alegadamente mortos e torturados, os manifestantes exigiram justiça, fizeram apelos à ação das autoridades portuguesas e alertaram para as consequências da “normalização” do caso.

    Por João Carlos

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    FonteDW

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