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    Covid-19: Morte de paciente causa alvoroço no Hospital “Maria Pia”

    Após o diagnóstico de dois casos positivos de Covid-19, tendo um dos quais resultado em óbito, a equipa hospitalar do Josina Machel “Maria Pia”, em Luanda, vive um “clima” de medo e de incerteza. Direcção do hospital critica o descuido dos médicos e assegura que os doentes e os profissionais que tiveram contacto com os pacientes em causa serão testados. São, no geral, mais de 90 pessoas.

    A morte de uma paciente, de 24 anos, por complicações devido à Covid-19, está a criar um ambiente de insegurança, medo e de incerteza entre mais de 50 profissionais do Hospital Josina Machel “Maria Pia”, o maior hospital público do país.

    Segundo apurou o Novo Jornal de fontes médicas ligadas àquela unidade sanitária, a paciente teria dado entrada no banco de urgência, na passada quinta-feira, 25, apresentando um quadro neurológico e sintomas de doença respiratória.

    Apesar dos indícios da Covid-19, a equipa médica no local não seguiu as orientações hospitalares – a Organização Mundial da Saúde (OMS) indica que nos casos dos doentes com problemas respiratórios devem ser seguido os protocolos de tratamento de pacientes com o novo coronavírus -, e tratou a paciente como uma doente normal, requisitando apenas que se realizasse um exame complementar de Raio-x. A doente veio a óbito três dias depois e só foi testada após a morte.

    “A pergunta é, os médicos que a internaram não viram que se tratava de um caso suspeito, a partir dos dados clínicos. Ela (a doente) esteve internada no banco de urgência e lá não há espaço para isolamento”, observa a fonte.

    Devido à situação, até quarta-feira, 1, segundo conta a fonte, o serviço de imagiologia tinha sido suspenso e o banco de urgência encerrado.

    “Os técnicos da área rejeitam trabalhar por receio de uma contaminação e por o local ainda não ter sido desinfectado”, explica.

    O interlocutor adiantou que já esteve no local uma equipa do MINSA para identificar quem teve contacto com a doente para depois se definir se vão para a quarentena institucional ou domiciliar, enquanto aguardam pelos testes.

    De acordo com o Ministério da Saúde (MINSA), através do secretário de Estado, Franco Mufinda, durante a actualização da Covid-19 no país, a paciente em causa apresentou um quadro clínico de miatesnia grave (distúrbio crónico e neuromuscular caracterizado pela fraqueza muscular, pálpebras caídas, cansaço extremo e visão dupla. Doença comum em mulheres entre os 20 e 35 anos) e problemas respiratórios agravado pela Covid-19. Trata-se de um caso com vínculo epidemiológico a ser estudado.

    “Só se fez o teste a paciente após ter sido declarado óbito”

    Ao Novo Jornal, o director-geral do Hospital Josina Machel afirma que só se fez o teste a paciente após ter sido declarado o óbito, e logo que se auferiu que era Covid-19, a primeira medida foi averiguar as pessoas que tiveram contacto directo com a doente e retirar os outros doentes da sala de internamento em que mesma se encontrava.

    “Passámos os doentes para uma sala no último andar para as respectivas camas e procedemos a desinfestação do local. Está tudo de volta ao normal”, assegura Azevedo Ekumba.

    A direcção do hospital em conjunto com uma equipa de resposta rápida à Covid-19 da Direcção Nacional de Saúde Pública (DNSP) notificou o pessoal que esteve em serviço para se determinar quem tem critérios para a quarentena institucional e quem tem para a domiciliar.

    “Vamos testar todos os doentes da urgência para ficarmos mais descansado. São quase 40 doentes. O total da equipa, entre médicos, enfermeiros e maqueiros são mais de 50 pessoas. São duas equipas completas”, explica o responsável.

    Ao contrário do que assegura a fonte, o director do hospital garante que o serviço de imagiologia está em funcionamento após ter sido desinfestada na passada segunda-feira, 29.

    Azevedo Ekumba garante que o medo paira entre os profissionais.

    “Estamos a passar a informação de que nós é que devemos estar cientes do problema. As formações foram dadas e as pessoas só têm que cumprir o que foi passado. O problema é que as pessoas quando não se deparam com o problema descuidam-se e não levam tão a sério, mas quando se torna real despertam”, sublinhou.

    O responsável explica que os médicos foram orientados a tratar qualquer doente com problemas respiratórios como se fosse um caso suspeito. “Mas não aconteceu, porque ela veio com uma doença de base e já tinha compromisso respiratório. Tanto é que tinha uma cânula na traqueia para poder respirar”, explica que só depois do óbito entendeu-se fazer o teste que foi positivo.

    No mesmo dia, uma outra doente com problemas respiratórios foi testado e diagnosticado com Covid-19 e logo depois transferida para um centro especializado de tratamento da doença.

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