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    Covid-19: Mais de sete mil trabalhadores desempregados em Tete

    Mais de 200 pequenas e médias empresas fecharam portas devido aos impactos da Covid-19, denuncia o Conselho Empresarial da província moçambicana de Tete. Área do turismo e da construção civil são das mais afectadas.

    Os sectores de mineração, hotelaria e turismo são os mais afectados pela pandemia da Covid-19 em Tete, no centro de Moçambique,

    As mineradoras que operam na província foram forçadas a reduzir drasticamente as suas operações, devido a dificuldades de escoamento do carvão mineral para o mercado internacional.

    Como consequência, muitos trabalhadores das empresas subcontratadas por estes mega-projectos estão sem trabalho.

    Desemprego nos subcontratados

    Lourenço João é disso exemplo. Juntamente com mais de 100 colegas, o jovem de 27 anos viu interrompido o seu contrato com uma empresa subcontratada pela Jindal África, no distrito de Marara.

    “A empresa mãe [Jindal] findou o contrato com a que eu trabalhava, alegando que devido à pandemia da Covid-19 não está a escoar o carvão”, conta o jovem.

    Desempregado há dois meses, Lourenço João relata à DW África o drama que está a viver: “É uma situação muito delicada. Não está fácil viver sem trabalhar. Esta pandemia veio estragar muita coisa. Não há onde ter alguma coisa [meio de sobrevivência]. Vivemos da solidariedade de amigos e familiares”.

    Empresas fechadas

    O presidente do Conselho Empresarial de Tete (CEP), Carlos Cardoso, revelou, em entrevista à DW África, que mais de 200 pequenas e médias empresas (PME) que operavam em Tete foram forçadas a fechar as portas desde Março. No total, mais de sete mil funcionários já perderam os seus postos de trabalho.

    “A área do turismo, construção civil e outras foram bastante afectadas e tiveram praticamente que fechar”, informou Carlos Cardoso acrescentando que “a redução do pessoal nos mega-projectos, fez-se sentir nas [empresas] subcontratadas” que estavam directamente ligadas a esses mega-projectos.

    “A Vale por exemplo mandou de volta a equipa brasileira toda para o Brasil, e teve que fechar alguns sectores de produção da empresa. E nestes sectores também trabalhavam moçambicanos e isso tem implicações nas pequenas e médias empresas, quem têm lá o pessoal trabalhando”, disse Carlos Cardoso.

    A hotelaria também está em apuros na província, conta o presidente do Conselho Empresarial de Tete. “Nós temos uma grande parte de hotéis que acabaram fechando, porque os custos fixos são elevados”.

    A Vale Moçambique informou na semana passada que não vai despedir os seus cerca de 12 mil trabalhadores. Mas que actualmente as suas operações estão a decorrer de forma condicionada em observância com as restrições impostas pela Covid-19.

    Apoios financeiros muito burocráticos

    Já Fernando Raice, secretário do Sindicato dos Trabalhadores do Sector Mineiro, Madeiras, Construção Civil e Indústria em Tete, aponta que “as empresas não estão a conseguir manter os trabalhadores porque não têm como pagar”.

    Mas a sua agremiação está a sensibilizar aquelas empresas que ainda não fecharam para seguir a lei moçambicana de trabalho. “Paguem no primeiro mês 75% do salário, no segundo mês 50% e no terceiro mês 25%”, sublinhou Raice.

    O Governo moçambicano anunciou em Março a criação de uma linha de crédito para apoiar pequenas e medias empresas e minimizar o impacto do novo coronavírus, forçada em pouco mais de 500 milhões de dólares.

    Mas na província de Tete, os empresários lamentam a burocracia para se aceder a estes valores. “Por vezes nós pecamos nos aspetos burocráticos e este aspecto vai travando em termos de tempo do ressurgimento das empresas afectadas”, apontou Carlos Cardoso.

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