As eleições legislativas em França acontecem daqui a um mês em França, com duas voltas a 12 e 19 de Junho, e os partidos políticos, pouco tempo depois das presidenciais, já fazem contas à vida para saber quantos deputados vão conseguir eleger, com a esquerda a encontrar um acordo de coligação pré-eleitoral. O investigador Tiago Ramalho considera em entrevista à RFI que esta é uma oportunidade de ouro para a esquerda francesa.
“[Este acordo] Surpreendeu-me porque não havia grande sinais de acordos visíveis, nem sequer o Partido Comunista francês esteve com Mélenchon nas presidenciais e, muito pouco tempo depois das eleições, consegue-se fazer uma série de acordos com os diferentes partidos”, detalhou Tiago Ramalho.
Este investigador e politólogo da Universidade Livre de Bruxelas, que viveu vários anos em França, vê este acordo encontrado entre a França Insubmissa de Jean-Luc Mélenchon, os comunistas, os ecologistas e os socialistas, que formaram a Nova União Ecológica e Social popular (Nupes), como uma “oportunidade de ouro” para a esquerda francesa ganhar espaço político nestas legislativas após o recuo de 2017.
“O elemento que não é surpreendente, em retrospectiva, é que de facto a possibilidade de chegar à segunda volta nas presidenciais foi vista como tão forte [por parte da França Insubmissa] depois este acordo tão forte e sabendo-se a difícil ancoragem que a União Nacional ou o partido do Presidente acabam por ter ao nível local, há ali uma oportunidade de ouro que eles conseguiram explorar”, explicou.
Do outro lado, Emmanuel Macron está também a organizar-se, mudando o nome do seu partido para Renascimento e encontrando entendimentos com o Partido Horizontes, de Edouard Philippe e com o Movimento Democrático, que o apoia desde 2017, para reeditar a maioria na Assembleia Nacional.
“Os partidos À esquerda concentram muitos votos nas regiões urbanas, com muita população e Emmanuel Macron teve um voto mais disperso, o que faz com que o sistema francês e segundo estudo feitos entre as duas eleições, por enquanto, existe ainda uma vantagem teórica para o partido do Presidente”, indicou.