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    Coesão interna na RENAMO: Ossufo Momade deve abrir-se às críticas

    Depois de Elias Dhlakama anunciar que se quer recandidatar à liderança da RENAMO, académicos moçambicanos defendem coesão interna no partido e a não hostilização dos críticos, sobretudo para “ultrapassar as diferenças”.

    Os académicos moçambicanos Severino Ngoenha e Ismael Mussá consideram que este é o momento de a Resistência Nacional Moçambicana (RENAMO) se tornar numa “voz única no debate político nacional”.

    O anúncio da recandidatura de Elias Dhlakama à liderança do maior partido da oposição é, no entendimento de Ismael Mussá, um reflexo do fechamento às críticas do actual líder do partido, Ossufo Momade.

    “A crítica nem sempre é má. A crítica é boa porque ajuda-nos a crescer. E acho que é isso que está a faltar. alguém que diga ao general Ossufo que é importante que ele ouça as pessoas e não se feche”, afirma Mussá. “É importante que as pessoas como o general Elias e outras tenham a preocupação de que precisamos neste país urgentemente de uma oposição que seja uma alternativa ao partido no poder [FRELIMO] e quanto mais a oposição der tiros no próprio pé, isto não vai acontecer”, sublinha.

    Ossufo Momade, actual líder da RENAMO.
    (DR)

    Maior debate de ideias na RENAMO
    O mesmo entendimento tem o filósofo Severino Ngoenha, que defende maior debate de ideias dentro da RENAMO. “É preciso um repensamento para que ela volte a constituir uma forca política que apresente ideias, como proponente de soluções e não um problema para Moçambique. Nós precisamos de uma RENAMO forte, coesa como um partido que de se pode apresentar em teoria como alternativa de governação”, diz Ngoenha.

    Por outro lado, o filósofo advoga que Elias Dhlakama seria um líder a ter em conta para o partido, não pelo seu apelido [Dhlakama], mas pelo percurso histórico naquela formação política, aliado ao facto de ter estado no exército nacional e o seu perfil político-académico.

    “Se ele consegue associar a isto um projecto de sociedade para Moçambique a partir da unificação do partido que ele pertence, me parece uma candidatura que de ponto de vista exterior pode ser interessante, mas de ponto de vista interior é importante que discutam entre eles”, justifica Severino Ngoenha.

    Elias Dhlakama quer recandidatar-se à liderança da RENAMO.
    (DR)

    Ultrapassar a diferenças
    Em entrevista à DW África na última sexta-feira, Elias Dhlakamaacusou Ossufo Momade de caça às bruxas ao afastar todos os seus críticos. Um dos rostos notáveis na suposta marginalização dos quadros proeminentes da RENAMO é o de Manuel Bissopo, que até Janeiro de 2019 era Secretário-geral do partido. Actualmente, Bissopo desapareceu dos holofotes da política nacional.

    Os académicos apelam à coesão interna. No entender de Ismael Mussá, “é importante que o general Ossufo não hostilize determinadas peças notáveis do partido, por exemplo a questão do Manuel Bissopo entre outros que eu acho que são quadros extremamente úteis ao partido”, diz.

    “Ossufo pode se tornar muito forte se estiver rodeado de quadros fortes. O general Ossufo devia chamar estas pessoas para próximo de si, dialogar com estas pessoas, ultrapassar as diferenças”, defende.

    Por outro lado, o surgimento da Junta Militar liderada por Mariano Nhongo é um dos fenómenos que tornam evidentes as fricções internas dentro da RENAMO.

    Severino Nguenha apela para que o partido se reencontre e remobilize os seus quadros para que se torne “numa voz única no debate político nacional”. Aliás, para este académico “é necessário que acabem as fragmentações que levam a conflitos bélicos e tiram vida aos moçambicanos.”

    Secretário-geral visionário
    Perante as críticas à liderança de Ossufo Momade por parte dos membros e quadros da RENAMO, Ismael Mussá entende ser este o momento para se operar mudanças no maior partido da oposição moçambicana.

    Para o analista, uma das grandes mudanças seria Ossufo Momade “ter um secretário-geral mais activo, mais visionário, mas consentâneo com o momento actual da política nacional”, observa, acrescentando que “se ele pegasse os quadros que tem dentro e fora da RENAMO e arrumasse melhor as pedras dentro do partido, ter um bom chefe de mobilização e propaganda, um bom chefe de relações exteriores que ajudasse o partido a mudar a sua imagem ao nível internacional sairia a ganhar.”

    O académico e político adianta ainda ser necessária uma reformulação da comissão política do partido para lhe conferir mais pujança. “Pessoas como Bissopo entre outras que já exerceram funções dentro da RENAMO no passado e junto a Afonso Dhlakama podem lhe dar um contributo muito grande, por exemplo numa comissão política totalmente reformulada”, refere.

    Para a RENAMO, a manifestação de interesse de Elias Dhlakama de concorrer à presidência do partido reflecte a democracia interna, segundo defendeu há dias, na cidade de Maputo, o secretário-geral daquela formação política, André Magibire.

    Candidatura de Henriques Dhlakama
    Recentemente, o primogénito de Afonso Dhlakama, Henriques Dhlakama, veio a público através das redes sociais apresentar-se como um dos pré-candidatos às eleições presidenciais de 2024.

    O filósofo Severino Ngoenha é da opinião de que nada impede a sua candidatura, desde que tenha ideias próprias e “não porque é filho de Dhlakama. Porque estaríamos aqui ou a construir monarquias, ou grandes famílias o que é contrário a qualquer estilo democrático.”

    Por seu turno, Ismael Mussá analisa que a candidatura de Henriques Dhlakama teria maior contributo “se ele militasse no partido que o pai ajudou a fundar e contribuísse para o fortalecimento deste partido.”

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    FonteDW

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