PJ desmantela esquema de tráfico de droga na cadeia de Leiria. Reclusos usavam viatura oficial do diretor da cadeira de Leiria para fintar segurança e cozinheira introduzia elevadas quantidades de haxixe e telemóveis no próprio corpo.
A Polícia Judiciária (PJ) de Leiria desmantelou uma “estrutura criminosa organizada” que abastecia o Estabelecimento Prisional Regional de Leiria de droga e telemóveis. Um grupo de reclusos, funcionários civis e familiares dos presos usou durante meses o carro do diretor da cadeia de Leiria para introduzir droga e telemóveis na prisão. A descoberta do esquema levou a uma operação da Polícia Judiciária que terminou com quatro reclusos constituídos arguidos e a detenção de uma cozinheira, bem como da mãe e da irmã e namorada de dois dos presos, e de outro homem, todos entre os 21 e os 33 anos
Diretor da cadeia de Leiria era alheio a todo o processo de tráfico
A rede tinha duas formas para introduzir a droga e os aparelhos eletrónicos na prisão. Um dos reclusos – que beneficiava do Regime Aberto no Interior -, que trabalhava na cozinha, recolhia as encomendas trazidas do exterior por uma cozinheira e introduzia-as na zona prisional dentro das caixas de comida. Essa funcionária da empresa de alimentação contratada pelos serviços prisionais recebia o haxixe e os telemóveis dos familiares, depois escondia a droga e os aparelhos eletrónicos no próprio corpo para iludir os procedimentos de segurança a que era submetida sempre que entrava no estabelecimento. Finalmente, entregava a encomenda aos presos quando estava de serviço na cozinha da prisão.
Outro recluso – inserido no mesmo regime, mas a trabalhar na secção das obras, o que lhe permitia circular sem vigilância – tinha como função retirar a droga e telemóveis escondidos na forra do guarda-lamas do carro oficial do diretor da cadeia. A viatura ficava parada no parque junto à residência do responsável e, desta forma, o preso conseguia recolher a droga ali colocada sem ser detetado. O diretor da cadeia de Leiria era alheio a todo este processo de tráfico.
A PJ conseguiu intercetar dois abastecimentos e apreender um quilo de haxixe, 13 telemóveis e 2500 euros em dinheiro, no final de uma investigação que se prolongou por vários meses e que contou com a colaboração da direção da cadeia de Leiria. Segundo a Judiciária, tratava-se de uma “estrutura criminosa significativamente organizada, que se dedicava a prática daquele crime, de e para o interior desta unidade prisional”. Apesar das detenções, ninguém ficou em prisão preventiva. Após ser interrogada pelo juiz, a cozinheira ficou proibida de continuar a exercer funções no interior do estabelecimento prisional, enquanto os restantes detidos estão obrigados a apresentações bissemanais na esquadra e proibidos de contactos entre si.