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    BCE não mexe na política monetária apesar de enfrentar deflação e nova vaga de covid-19

    Os banqueiros centrais do euro decidiram na reunião desta quinta-feira manter a estratégia de estímulos de resposta à pandemia. Mas a presidente do BCE vai ter de explicar-se porque a zona euro entrou em deflação (quebra de preços no consumidor) em Agosto e que resposta será dada se a retoma económica for ameaçada pelo recrudescimento da covid-10.

    O Banco Central Europeu (BCE) decidiu na reunião desta quinta-feira manter o quadro de taxas de juro e os dois programas de estímulos, nomeadamente o envelope de 1,35 biliões de euros do programa especial (conhecido pela sigla PEPP) de resposta aos efeitos económicos da pandemia lançado em Março. A taxa directora mantém-se no mínimo histórico de 0% e a taxa de remuneração dos depósitos dos bancos continuará em terreno negativo em -0,5%, ainda que a sua aplicação esteja condicionada por dois escalões.

    Apesar de não haver alteração na estratégia do BCE, o quadro de actuação do banco alterou-se com a queda da inflação para terreno negativo pela primeira vez em quatros anos, com o índice de preços no consumidor a cair em Agosto para -0,2%. Esta situação de deflação (quebra de preços) está a ser alimentada na zona euro pela valorização do euro em relação aos seus parceiros comerciais, e em particular ao dólar, que atingiu picos em final de Agosto. O euro apreciou-se, desde início do ano, 4% em relação ao dólar e 6,5% em relação ao conjunto dos 42 parceiros comerciais da zona euro.

    A atenção dos analistas e dos investidores vira-se, agora, para a conferência de imprensa de Christine Lagarde, a partir das 13h30 (hora portuguesa) e nomeadamente para os dois riscos que ensombram a zona euro no segundo semestre: a possibilidade da retoma económica iniciada em Julho ser afectada por uma nova vaga da covid-19 e do quadro macroeconómico ser prejudicado pela valorização do euro e a geração de uma espiral deflacionista (que já não se observava desde maio de 2016). Espera-se que, pela primeira vez, o BCE faça uma referência pública à sua preocupação com a apreciação do euro, ainda que a o nível da taxa de câmbio não faça parte do mandato do banco centra (que se restringe apenas à estabilidade de preços, ao controlo da inflação, abaixo mas próximo de 2% no longo prazo).

    O BCE divulgará esta quinta-feira à tarde as previsões económicas para 2020 a 2022, revendo as publicadas na reunião de Junho. Então,apontava para uma quebra de 8,7% do PIB da zona euro em 2020 e para uma recuperação em 2021 e 2022 que não seria suficiente para fazer regressar a economia ao nível anterior à pandemia. Ou seja, a retoma não seria em V, segundo as previsões de Junho. Os analistas acompanharão com atenção alguma alteração a esta perspectiva.

    O BCE adquiriu cerca de 3 mil milhões de euros em obrigações do Tesouro português ao abrigo do programa de compras mais antigo (conhecido pela sigla PSPP) até final de Agosto e quase 9 mil milhões em títulos ao abrigo do novo programa especial conhecido pela sigla PEPP .até final de Julho. A carteira do BCE detém actualmente mais de 55 mil milhões de euros em títulos portugueses comprados desde 2015.

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