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    Barco de borracha com 90 pessoas à deriva no Mediterrâneo. Pelo menos uma criança de cinco anos morreu

    Expresso | MARTA GONÇALVES

    Há pelo menos duas noites que o barco está à deriva entre a costa da Líbia e Malta. Não se sabe há quanto tempo estas pessoas não comem ou bebem água. Organizações não governamentais acusam autoridades de terem conhecimento do bote e não ativarem operação de salvamento

    “Este é um caso de não assistência que põe em risco a vida de 90 pessoas.” Pelo menos uma dessas vidas, a de uma criança de cinco anos, já foi perdida, apurou o Expresso junto da Sea Eye, a única organização não governamental (ONG) ainda com operações de salvamento e resgate no Mar Mediterrâneo. Há pelo menos duas noites que um bote de borracha está à deriva naquela que é uma das travessias mais usadas para chegar à Europa. Há um dia que as autoridades italianas sabem da sua existência e não agiram, acusam as ONG.

    A bordo estão 15 crianças, incluindo um bebé de nove meses. “Uma criança de cinco anos morreu”, diz a Sea Eye. Há também 20 mulheres na embarcação, incluindo uma grávida. “Estão ali há mais de 35 horas, portanto há duas noites. Eles viram um helicóptero sobrevoar mas não tiveram qualquer resposta.”

    Além da Sea Eye, também a Alarm Phone (outra ONG que fiscaliza a situação no Mediterrâneo) aponta que, apesar das autoridades marítimas saberem que o bote corria risco de naufragar, nenhuma entidade acionou uma operação de socorro. “O barco foi acompanhado durante o dia (quarta-feira) mas ninguém interveio”, refere a Alarm Phone nas redes sociais.

    À hora de publicação deste texto, as organizações indicavam ao Expresso que haveria uma equipa da Guarda Costeira italiana a caminho do local, uma informação que ainda não foi confirmada oficialmente.

    Não são certas as condições de saúde em que estas 90 pessoas se encontram. Desconhece-se se têm comida ou água potável ou medicamentos. “Creio que não têm nada, aliás é o que frequentemente acontece em casos como este”, aponta a Sea Eye.

    O bote encontra-se à deriva em águas internacionais ao largo da Líbia, em direção a Malta. Nestes casos, após o resgate, as pessoas devem ser levadas para o porto seguro mais próximo, de acordo com as lei internacional. No entanto, as operações de salvamento e resgate no Mediterrâneo têm causado polémica, sobretudo após Itália ter fechado os portos a navios operados por organizações não governamentais. Também Malta tem dificultado o desembarque. Atualmente, apenas um dos navios da Sea Eye, que está em manutenção num estaleiro espanhol, continua as missões.

    Desde o começo do ano, já morreram 321 pessoas no Mediterrâneo central, de acordo com números do “Missing Migrants Project”, um portal de dados coordenado pela Organização Internacional para as Migrações. Já quase tanta gente como em igual período no ano passado (390 mortos). Em 2018, 1314 pessoas morreram.

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