A presidência moçambicana da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP) e da Comunidade para o Desenvolvimento da África Austral (SADC) defendeu, num discurso tornado hoje público, uma resolução pacífica das “complexas crises” no Mali e na Guiné-Bissau.
Numa mensagem ao corpo diplomático na segunda-feira, por ocasião do fim de ano, divulgado hoje pela presidência moçambicana, o chefe de Estado, Armando Guebuza, disse que, na qualidade de presidente em exercício da CPLP e da SADC, e como de membro da União Africana, a intervenção de Moçambique “tem sido ancorada no princípio da resolução pacífica de conflitos”.
“Registámos, com preocupação, a ocorrência de golpes de estado na Guiné-Bissau e no Mali, que resultaram em instabilidade e que fez retroceder os progressos alcançados na consolidação da democracia e das instituições democráticas naqueles dois países irmãos”, disse.
O Presidente moçambicano lembrou que “Moçambique tem estado a prestar o seu contributo para a solução destas crises complexas”, o golpe de Estado de abril na Guiné-Bissau e do norte do Mali, que é controlado, desde junho, por grupos rebeldes islâmicos armados.
“A nossa intervenção tem sido ancorada no princípio da resolução pacífica de conflitos e da promoção do diálogo e reconciliação nacional, como aspetos importantes da promoção da paz e estabilidade internacionais”, disse Armando Guebuza.
Na quinta-feira, o Conselho de Segurança da ONU adotou uma resolução a autorizar, por etapas e sob condições, uma intervenção militar internacional no Norte do Mali.
Há seis meses, Moçambique assumiu a presidência moçambicana da CPLP, assegurando total apoio à Guiné-Bissau, para ultrapassar a crise política que o país enfrenta, mas sempre considerou o diálogo “um potente mecanismo” para a resolução do conflito.
Em agosto, Armando Guebuza assumiu a presidência rotativa da SADC, durante a cimeira da organização que ocorreu rodeada de um clima de instabilidade política e económica que afeta alguns países da região austral de África, nomeadamente Madagáscar, Zimbabué e República Democrática do Congo.
Na altura, Armando Guebuza mostrou-se confiante num bom desempenho de Moçambique na liderança a organização, assegurando o respeito da comunidade no firmamento político e diplomático do continente e com um crescente papel nas questões de paz, segurança e desenvolvimento mundiais.
“Deploramos a eclosão da instabilidade no Leste da República Democrática do Congo, que resulta num maior sofrimento da população e no desvio das atenções dos congoleses daquilo que devia ser a sua agenda: a busca do desenvolvimento social e económico”, disse ainda o chefe de Estado moçambicano, no encontro com o corpo diplomático. (lusa.pt)