Em Stains, ao norte de Paris, uma casa de subúrbio faz as vezes de um Porto do início do século 20. No interior, veteranos do cinema mundial, como a francesa Jeanne Moreau e a italiana Claudia Cardinale, vivem personagens portugueses em “O Gebo e a Sombra”. Quem comanda os atores é o perfeccionista cineasta Manoel de Oliveira, 102 anos, um sobrevivente da era do cinema mudo.
“O Gebo e a Sombra” é uma adaptação de uma peça de Raul Brandão (1867-1930). A história gira em torno de um drama familiar de Gebo (vivido pelo ator anglo-francês Michael Lonsdale) , um contador honesto que assume as falcatruas do filho João, indo inclusive parar na cadeia. O elenco também conta com uma atriz fetiche de Oliveira, a portuguesa Leonor Silveira.
As filmagens de “O Gebo e a Sombra” devem seguir até o final da próxima semana. A produtora francesa do filme, Martine de Clermont-Tonnerre, disse à Rádio França Internacional que o filme deverá ser lançado por ocasião de um grande festival, provavelmente o de Cannes, no ano que vem.
Manoel Cândido Pinto de Oliveira nasceu no dia 11 de dezembro de 1908, em uma família da burguesia industrial do norte de Portugal. Ele descobre o cinema desde os primeiros tempos, com os filmes mudos de Charlie Chaplin e Max Linder. Depois de alguns curtas, Oliveira lança seu primeiro longa-metragem, Aniki Bobó, de 1942, sobre o cotidiano de crianças pobres dos cortiços do Porto.
Paricia Moribe
Fonte: RFI
Foto: RFI