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    Angola desconfia da boa-fé de Portugal no relacionamento bilateral…

    actual_014O diário estatal Jornal de Angola revela hoje em editorial “desconfiança” em relação à boa-fé de Portugal nas relações bilaterais, referindo haver “perseguições” aos interesses angolanos.

    Assinado pelo seu diretor, José Ribeiro, e sob o título “Portugal e Jonas Savimbi”, o texto surge em resposta à edição de sábado do semanário Expresso, que noticiou que o procurador-geral da República de Angola, João Maria Sousa, está a ser investigação em Portugal por “suspeita de fraude e branqueamento de capitais”.

    O diário estatal angolano salienta que, décadas depois da independência, em 1975, continuam a verificar-se “perseguições aos interesses de Angola em Portugal”.

    Numa referência à recente visita a Angola do ministro de Estado e dos Negócios Estrangeiros português, Paulo Portas, o jornal prossegue: “Soa mal e gera muita desconfiança quando vem a Luanda um ministro do governo de Lisboa afiançar que a amizade entre Portugal e Angola continua de pé e os investimentos angolanos são ‘bem-vindos’ em Portugal”.

    “Já começamos a acreditar que isso não é sincero. Mesmo quando o portador da mensagem é Paulo Portas, ministro de Estado e dos Negócios Estrangeiros de Portugal, que é líder de um partido que nunca escondeu a sua simpatia por Jonas Savimbi e que foi diretor de um jornal, O Independente, que tanta desinformação verteu para a opinião pública sobre a nossa realidade”, acrescenta.

    Referindo-se expressamente a Paulo Portas, o Jornal de Angola destaca que o governante português “está a ser lançado para liderar a direita portuguesa” caso a atual coligação PSD/CDS não sobreviva às dificuldades de governação.

    “Hoje Paulo Portas é um grande amigo de Angola e está a ser lançado para liderar a direita portuguesa em caso de as coisas correrem mal à atual coligação, o que mostra que é possível, afinal de contas, um entendimento com Portugal, se calhar igual ao Entendimento do Luena, para que se ponha fim, de uma vez por todas, às guerras e guerrinhas portuguesas contra Angola”, conclui o texto.

    A referência ao Entendimento de Luena reporta-se ao documento assinado em 2002 pelo Governo angolano e pela UNITA — União Nacional para a Independência Total de Angola que pôs fim à guerra civil.

    No editorial, e recuando ao período da guerra civil que dilacerou Angola (1975-2002), que apenas em 1991-1992 e 1994-1998 viveu breves períodos de paz, o diário volta ainda de novo a criticar o que considerou ser o alinhamento e proteção de “parte significativa das elites políticas corruptas e intelectuais portuguesas”.

    O diretor afirma também que o “império mediático português” tem sido “sempre um fiel servidor de Jonas Savimbi”.

    “Os jornais e canais de televisão do senhor Pinto Balsemão [presidente do grupo Impresa] trataram a rede criminosa como se os seus membros fossem os seus heróis. Savimbi escolhia a dedo os jornalistas portugueses necessários às ações de propaganda para a guerra em Angola”, prossegue.

    O diretor do Jornal de Angola acusa a imprensa portuguesa de ter sido “responsável pelo prolongamento da guerra em Angola” e as elites “corruptas portuguesas” de se “servirem dos angolanos”.

    “Por trás estimulam ataques violentos contra quem lhes dá a mão e oferece amizade desinteressada. Continuamos a lidar com uma chocante falta de caráter”, sintetiza. (lusa.pt)

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