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    Abstenção aumentou, mas houve mais portugueses a votar

    JN

    O título pode parecer confuso, mas apesar de a abstenção nestas eleições ser a mais alta de sempre e a terceira mais elevada da União Europeia (UE), nos 68,63% (valor apurado às 01.00 horas), o certo é que, domingo, foram mais portugueses às urnas face às Europeias de 2014. Sobretudo no estrangeiro. Contas feitas, registaram-se, àquela hora, mais 14 698 votantes.

    A explicação está no facto de o número total de eleitores ter aumentado, face às últimas eleições, em mais de 1,1 milhões de votantes por via do recenseamento automático dos emigrantes. Nas eleições de 2014, estavam inscritos 244 986 portugueses residentes no estrangeiro, tendo votado apenas 2,09%. Com o recenseamento automático, aquele número subiu para os 1 431 825 eleitores.

    De acordo com os dados da Secretaria-Geral do Ministério da Administração Interna, à meia-noite, 1% dos emigrantes inscritos tinham votado. Contudo, em números absolutos, trata-se de um aumento de 137%, com 12 136 votantes. Mesmo assim, há uma realidade que não muda. Portugal continua a ter das mais altas taxas de abstenção da UE.

    Depois de, a meio do dia de ontem, ter apelado ao voto, já a noite ia longa quando Marcelo Rebelo de Sousa comentava a “opção perfeitamente legítima”. Não deixando o presidente da República de sublinhar que gostava que houvesse “menos portugueses que escolheram não escolher”.

    Abstenção estrutural

    Para o politólogo António Costa Pinto, estamos a assistir a “um crescimento progressivo de uma abstenção estrutural”. Quanto ao acréscimo do número de eleitores, “se os retirarmos, andaremos na abstenção habitual”. O problema da abstenção, sublinha o investigador coordenador no Instituto de Ciências Sociais, “está em Portugal”.

    Quanto a medidas, propõe a “tecnologia mais próxima do cidadão, com voto eletrónico e voto em casa por computador”. Mas tal só surtirá efeito quando se romper a “grande distância entre os cidadãos e o Parlamento Europeu”.

    Quanto ao futuro, vê poucas alterações. Mas, frisa, “há dinâmicas de engenharia política que podem ajudar, como fazer coincidir as europeias com as legislativas, o que ajudava a aumentar a participação”. E foi isso que aconteceu, precisamente, em Espanha, com “nuestros hermanos” a votarem para as europeias, municipais e regionais. Resultado? A participação aumentou 47%, com 64,36% dos espanhóis a irem às urnas.

    Balanço positivo

    Ao JN, o secretário de Estado das Comunidades Portuguesas, José Luís Carneiro, fez um balanço “muito positivo” com o recenseamento automático da diáspora. “Cidadãos que não tinham condições e hoje garantem uma maior participação política”. António Costa Pinto concorda: “Foi uma boa decisão. É muito mais do que a participação eleitoral, significa reforçar os laços com Portugal”.

    José Luís Carneiro sabe que há ainda muito a fazer. Porque se o número de inscritos no estrangeiro subiu 484%, o número de locais de votos aumentou 20%. O que explica o relato de um eleitor na Suíça que tinha de fazer 150 quilómetros para ir votar. Não foi.

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