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    A reaparição de Nadal, 200 dias depois

    Há meses que estava de raquete em mão e com os ténis a sujarem-se com pó de tijolo a treinar para este dia, na sua academia, em Maiorca. Após recusar participar no US Open de piso rápido, Rafael Nadal regressa, esta quarta-feira, à competição no Masters de Roma, quase sete meses volvidos desde o último jogo oficial.

    Tão estranho foi ouvir a bola a ecoar nas ossadas das bancadas de Flushing Meadows, em Nova Iorque, as ondas de som indo e vindo no estádio, parecia estar o desinteresse ali presente, a castigar com o chicote do vazio os poucos que se interessavam em assistir a uma das melhores montras do ténis, mas não, foi o Grand Slam possível de realizar em plena pandemia, no meio do país mais afectado por ela, onde compareceram os tenistas possíveis e entre quem saiu Dominic Thiem como vencedor.

    Uma das estranhezas de tudo isto – entre o praticamente não haver público, tenistas a irem buscar as suas próprias toalhas a meio do jogo e todas as regras a que tiveram de se submeter para enfiarem dentro de uma bolha – não foi o austríaco, por fim ganhador de um major à quarta final jogada e dador, à história do ténis, de mais outra esquerda a uma mão vencedora de Grand Slams nesta década, que não a lendária e ditatorial de Roger Federer, ou a ocasional de Stan Wawrinka.

    Foram, sim, as ausências dos matulões tenísticos que, em parte, abriram caminho à não por isso mais fácil conquista de Thiem, suado até ao quinto set, na final, por Alexander Zverev.

    Aproveitando-se da pandemia que fez do ténis uma das modalidades que mais provas cancelou e paragens tem tido, Federer submeteu-se a uma dupla operação a um joelho para, mais tarde, continuar a desafiar o tempo ao qual nunca ganhará; e, precavendo-se com muita cautela, Rafael Nadal optou por dizer que não, em Agosto, aos dois torneios que, enfim, foi possível organizar, depois de Abril, maio, Junho e Julho não terem provas da ATP e o espanhol os passar em Manacor, na ilha de Maiorca, a treinar na sua academia.

    A treinar para isto.

    Quando Nadal deu o não, há semanas, ao Western & South Open e ao US Open, ambos em Nova Iorque, já praticava e mantinha a forma possível, a diário, em terra batida, a superfície em pó de tijolo que mais lhe fala ao coração (são 12 torneios de Roland Garros ganhos) e menos lhe massacra as articulações e ligamentos dos joelhos, tão castigados pelas travagens, mudanças de direção e rotações de anos e mais anos a pedir-lhes que sustentem o seu estilo bruto e brutal de se movimentar no court. Parecia já ter em vista a reduzia época de terra batida que viria depois.

    O espanhol, de 34 anos, temeu, na altura, a situação “muito complicada mundialmente” devido “aos casos de Covid-19”, porque “ainda parecia que não tínhamos controlo” sobre o vírus. Muito menos parece que o tenhamos agora, que Nadal está prestes a regressar à competição, esta quarta-feira, quando terão passado 200 dias e quase sete meses desde que conquistou (29 de Fevereiro) o torneio de Acapulco, no México, no mesmo piso rápido ao qual se esquivou de pisar no US Open.

    O senhor top-spin no qual descansam 19 títulos do Grand Slam confirmaria, depois, a presença no Masters de Madrid, entretanto cancelado, e neste Masters de Roma, onde defrontará o conterrâneo Pablo Carreño Busta, semi-finalista em Nova Iorque e, portanto, com mais ritmo de competitivo no corpo desde que o ténis despertou do seu confinamento. “Estou mais ou menos bem, a treinar no duro há muitas semanas, mas falta-me ritmo, que irei recuperar com os jogos. Não ter jogado o US Open dá-me uma pequena desvantagem em relação à maioria”, admitiu, já em Roma, o retornado todo-poderoso da terra batida.

    Em Maiorca e em Roma, o espanhol conseguiu treinar com Stan Wawrinka, Casper Ruud, Kevin Anderson, Gael Monfils, Jannik Sinner ou Matteo Berrettini, gente rodada e habituada a estar nos principais torneios, sem que isso equivalha a competição a sério, daí ser o próprio Nadal a reconhecer que parte atrás dos demais. Ou não, dependendo das perspectivas.

    Porque o outro titulado-mor do ténis, que perdeu a hipótese de se aproximar do suíço e do espanhol que há muito persegue no US Open, onde foi desqualificado nos oitavos-de-final por bater uma bola contra a garganta de uma juíza de linha, vê as coisas de outra forma: “O Rafa decidiu ficar-se pela terra batida e treinar. Seguramente isso lhe dá mais vantagem, mesmo que não treinasse em terra batida durante muito tempo, continuaria a ser o principal favorito em qualquer torneio de terra batida, porque é o Rafa”.

    Novak Djokovic é bem capaz de ter razão, mas continuam a ser 200 dias sem competição.

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