A viagem do papa Francisco à República Centro-Africana, que vem sofrendo com a desavença entre cristãos e muçulmanos, está mantida, apesar dos alertas da França a respeito dos enormes riscos de segurança, disseram fontes do Vaticano nesta sexta-feira.
A ex-colónia francesa mergulhou na violência entre religiões dois anos e meio atrás, quando os rebeldes de maioria muçulmana da facção Seleka tomaram o poder, desencadeando assassinatos contra as milícias cristãs conhecidas como balaka em represália.
O papa deve visitar o país nos dias 28 e 29 de Novembro apesar do aprofundamento dos conflitos, que já deixaram dezenas de mortos na capital Bangui desde o final de Setembro. Sua excursão deve incluir uma passagem por uma mesquita em um dos bairros mais perigosos de Bangui.
As autoridades francesas afirmaram que o papa e aqueles que forem vê-lo correrão perigo e indicaram que o Vaticano deveria cogitar cancelar a viagem ou encurtá-la.
“Informamos as autoridades do Vaticano que a visita do papa Francisco implica em risco para ele mesmo e para as centenas de milhares de fiéis que podem estar lá para vê-lo”, afirmou uma fonte do Ministério da Defesa em Paris.
Uma fonte do Vaticano declarou que o papa “realmente quer ir, e que cancelar seria visto como uma derrota”. Outra fonte da Santa Sé disse que ele pode ser obrigado a encurtar a viagem ou limitar os locais de visita a áreas mais seguras.
A França tem tropas no país, mas a fonte ministerial disse: “Nossas forças podem proteger o aeroporto e providenciar uma retirada médica no caso de um acidente”, mas nada além disso.
Os líderes políticos e religiosos da República Centro-Africana procuraram tranquilizar o Vaticano.
“A chegada do papa será uma grande bênção, e quero que ela aconteça independentemente do destino reservado a nós”, afirmou a presidente interina, Catherine Samba-Panza, uma cristã, à rádio francesa RTL na quinta-feira. (reuters.com)
por Marine Pannetier em Paris e Crispin Dembassa-Kette em Bangui