O Senado vota nesta terça-feira se Dilma Rousseff deverá ser submetida a um julgamento de destituição, a última etapa de um processo que poderá, até o fim de agosto, pôr fim a mais de 13 anos do PT no poder.
Com os brasileiros totalmente envolvidos cm as competições do Jogos Olímpicos do Rio-2016, todos dão por certo que o Senado dará um forte apoio ao impeachment da primeira presidente do Brasil.
“O senado se reúne hoje para exercer uma das mais graves competências que a Constituição lhe confere: deliberar sobre a abertura de um processo de impeachment contra a chefe de Estado de governo, a senhora presidente da República Dilma Vana Rousseff”, disse ao abrir a sessão o presidente do STF Ricardo Lewandowski, que dirigirá os trabalhos.
Os senadores protagonizaram os primeiros esforços retóricos, antecipando um debate tenso que acontecerá no plenário de 81 membros.
Se a votação aprovar o relatório do informe senador Antônio Anastasia (PSDB), que recomendou o impeachment de Dilma Rousseff por ela ter cometido um “atentado contra a Constituição”, a presidente só terá uma última chance para evitar sua queda.
A sessão deve durar cerca de 20 horas e basta que a maioria simples -metade dos presentes mais um- apoie a acusação para que o caso avance à instância final de julgamento e sentença.
– Capítulo final –
Dilma, 68 anos, foi afastada do cargo em 12 de maio e desde então acusa seu vice Michel Temer de ter orquestado um “golpe” para tomar o poder.
Acusada de ter violado a Constituição ao aprovar gastos sem autorização do Congresso e assinar decretos para financiar o Tesouro recorrendo a bancos públicos, sobretudo durante sua campanha de reeleição de 2014, Dilma Rousseff poderá perder seu mandato e o direito de ocupar cargos públicos por oito anos.
“A presidenta está cada vez mais isolada, um isolamento muito acentuado, que piorou nas últimas semanas e que inclui até mesmo seu próprio partido. Não tenho nenhuma dúvida de que no julgamento definitivo a votação será a favor do impeachment e de que ela será destituída”, disse à AFP o senador Aloysio Nunes.
A senadora Vanessa Grazziotin, aliada de Dilma Rousseff, concorda: “Vão conseguir com bastante facilidade. Não temos muitas expectativas”, disse.
Temer lidera uma frente pró-impeachment para permanecer na presidência até 31 de dezembro de 2018.
Caso o relatório seja aprovado, o julgamento deve começar no dia 25 de agosto, quatro dias depois do encerramento dos Jogos Olímpicos, e durará aproximadamente cinco dias.
O Congresso já está rodeado por grades à espera de cerca de 5.000 manifestantes, número bem inferior às milhares de pessoas que ocuparam o mesmo local em abril, quando a abertura do processo de impeachment foi votada pela Câmara dos Deputados. AFP)